GUSTAVO URIBE
DANIEL CARVALHO
FOLHA DE SP / DE BRASÍLIA
O presidente Michel Temer deve adotar um plano de marketing para tentar não passar para a história como o mandatário do Palácio do Planalto denunciado sob a acusação de chefiar uma organização criminosa. A equipe de publicidade do peemedebista prepara uma estratégia de imagem de longo prazo, com duração até o final do mandato presidencial, cujo objetivo é tentar limpar a biografia dele.
A ideia é que, caso seja barrada a nova denúncia contra o presidente, seja iniciada uma tentativa de reconstruir a sua imagem pública, re-embalando programas e propostas como o teto de gastos e a reforma trabalhista, em uma espécie de "Plano Temer".
O esforço é criar uma marca para o mandato do peemedebista que possa suavizar a imagem negativa relacionada a escândalos de corrupção e a medidas polêmicas, como as extinções do Ministério da Cultura e da Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados). As duas foram revogadas diante da ampla repercussão negativa.
Segundo assessores e aliados, o presidente tem manifestado preocupação com o risco de seu legado ficar ofuscado pelas acusações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O plano de reconstrução da imagem inclui a adoção de medidas como a criação de uma espécie de seguro de obras públicas que indenizaria a União em caso de atrasos e desvios.
O presidente irá também implementar um sistema de controle de resultados na administração, premiando servidores que cumprirem metas preestabelecidas.
A ideia é que o processo tenha auditoria do Ministério da Transparência, que avaliará se os funcionários seguem o código de ética.
O Palácio do Planalto irá ainda modificar o site oficial da Presidência da República. A intenção é torná-lo mais acessível em diferentes plataformas e dar mais destaque a iniciativas governamentais, detalhando suas implicações e impactos para a população.
A avaliação interna é de que, com os escândalos de corrupção, medidas como o estabelecimento de um teto de gastos e a reforma do ensino médio acabaram ofuscadas pelo noticiário negativo e não foram compreendidas pela sociedade.
Pesquisa realizada a pedido do governo, por exemplo, mostra que 69% da população não tomou conhecimento da última rodada de concessões promovida pelo governo federal.