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Militares brasileiros deixam um Haiti pacificado, diz Jungmann

PORTO PRÍNCIPE — Passados 13 anos, foi encerrada oficialmente nesta quinta-feira a participação das Forças Armadas brasileiras na pacificação do Haiti. Uma cerimônia com a presença do ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi realizada dentro do Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Brabat), como é chamada a base brasileira em Porto Príncipe, para convidados e os quase mil militares que compõem atualmente as ações.

 

Na prática, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) permanece ativa até 15 de outubro, quando terá início a Minujusth (Missão das Nações Unidas para o Apoio à Justiça no Haiti), um programa para ajudar as instituições haitianas e que se encerrará em abril de 2018. Mas, já a partir de hoje, os militares brasileiros não têm mais autorização para atuar no país, a não ser em escoltas. Até outubro, além dos militares, serão repatriados equipamentos como 170 veículos, 103 contêineres, 748 fuzis e 438 pistolas.

Ao chegar ao Haiti, Jungmann comentou o resultado da Minustah para o Brasil. Ao longo do tempo, o país cedeu 37.500 homens e mulheres para as atividades:

— Nós alcançamos os objetivos. Hoje, o Haiti que vivia em guerra civil, tem um governo democrático, é um país pacificado e com muito menos violência. E também, por fim, hoje nós temos um grande programa de assistência social com o Haiti, sobretudo nos aspectos da saúde, da assistência social, da formação de pessoal e da agricultura.

Jungmann reiterou, ainda, que o Ministério da Defesa tem intenção em participar de outras missões de paz da ONU, e citou a República Centro Africana como um possível destino das tropas brasileiras:

— Esses 13 anos são uma demonstração da capacidade do Brasil de ser um provedor de paz. E isso nos levará no futuro a outros países para que o Brasil possa ampliar sua projeção.

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Infográfico: A linha do tempo da missão no Haiti

Militar do Exército brasileiro realiza a última patrulha na favela de Cité Soleil - Daniel Marenco / Agência O Globo





Ao lado de Jungmann, vieram ao Haiti o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) e a deputada federal Bruna Furlan (PSDB-SP). O grupo pousou no Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, em Porto Príncipe, por volta das 16h30m. Dali, saíram para a sede do governo haitiano, para um encontro com autoridades do país caribenho, como o primeiro ministro, Jack Guy Lafontant, e o ministro da Defesa, Hervé Denis.

Após o encontro, Lafontant afirmou que não acredita que a saída dos brasileiros será um problema. O Haiti realmente voltou a ser um local mais seguro para se circular, mas, apesar dos 13 anos de presença da ONU, persistem problemas sociais. O saneamento é extremamente deficiente, assim como o abastecimento de água e de energia. A pobreza é bastante visível em todo o país.

 

Mulher carrega balde com agua no interior de Porto Príncipe - Daniel Marenco / Agência O Globo

— A Minustah nos permitiu ter uma estabilidade política e esperamos manter essa estabilidade. Temos um governo democraticamente eleito e, para mim, este é o fruto da presença da Minustah — disse Lafontant, que também expressou o desejo de restabelecer as forças armadas haitianas. — A polícia nacional tem 15 mil policiais. Mas o Exército tem uma vocação, e a polícia tem outra. E gostaríamos de ter um novo Exército.

No início da noite, a comitiva brasileira se deslocou, então, ao Brabat, e foi recebida pelo general Ajax Porto Pinheiro, comandante militar da Minustah. Antes da cerimônia, um desentendimento foi percebido pelos jornalistas: Porto Pinheiro não cumprimentou Collor quando este lhe estendeu a mão.

(O repórter e o fotógrafo estão hospedados a convite do Ministério da Defesa brasileiro) O GLOBO



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