Novos prefeitos acusam antecessores de desmonte e corrupção
Novos prefeitos do Ceará que assumiram as administrações municipais há 13 dias acusam os antecessores de uma série de irregularidades na gestão pública. Em entrevista ao O POVO, pelo menos três gestores que venceram as eleições no ano passado alegam ter encontrado as prefeituras em situação de sucateamento, com obras iniciadas sem licitação e a folha de pagamento com funcionários “fantasmas”.
Eleito em Juazeiro do Norte, o prefeito Arnon Bezerra (PTB) não fala em “herança maldita”, mas apontou diversas irregularidades ao chegar à prefeitura.
“O que mais me chamou atenção foi o tamanho da desorganização. O quadro de funcionários muito superior ao necessário e obras que estão sendo concluídas sem licitação, e com irregularidades já prontas”, disse o novo gestor.
Na mesma linha de denúncia, o prefeito eleito em Quixadá, Ilário Marques (PT), diz ter encontrado uma situação de “caos” no município. “A cidade estava tomada de lixo, há mais de dois anos não estava havendo coleta regular”, criticou.
“Encontramos o que já era notório: uma situação de caos financeiro, gerencial e físico. Um sucateamento total dos equipamentos do município, dos prédios, da frota, tudo muito destroçado”, alegou Ilário ao contabilizar 60% do orçamento comprometido com a folha de pagamento. O petista prometeu realizar uma auditoria para investigar os pagamentos da folha.
Novo prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PMB) acusa a existência de funcionários fantasmas na gestão municipal. “Tinha muita gente que estava na folha só para receber. Vamos fazer um recadastramento, porque eles estavam na folha sem trabalhar”, disse.
Naumi relatou problemas na infraestrutura administrativa e situação “precária” no governo. “Estávamos sem telefone, sem sistema, a frota sucateada, os carros sem pneus, sem gasolina, um descaso. Além dos hospitais sem médicos e sem remédios”, respondeu o prefeito.
Crise financeira
Com a escassez de recursos que assola os municípios cearenses com mais intensidade desde o ano passado, as dificuldades encontradas pelos atuais administradores devem ser solucionadas com ainda maior lentidão neste ano, tendo em vista a previsão desanimadora na arrecadação e repasse para as cidades no ano de 2017.
O POVO procurou os três antecessores dos municípios mencionados, mas os ex-prefeitos não foram localizados pela reportagem.
NÚMEROS
3
prefeitos denunciaram irregularidades de ex-gestores
184
é o total de municípios, que devem iniciar o ano cortando despesas