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Radiografia da reforma do secretariado de Camilo Santana

A reforma do secretariado de Camilo Santana (PT) tem três eixos principais. Ele mexeu no gerenciamento do governo, na parte de obras e no eixo da segurança e Justiça. O primeiro problema é considerado por aliados como o mais complicado no Palácio da Abolição. Ninguém sabia apontar ao certo o entrave, mas parecia haver algo errado na coordenação geral das ações governamentais. As coisas não andam no ritmo em que deveriam.

Com a ida de Maia Júnior (PSDB) para o Planejamento e Gestão (Seplag), a pasta irá conciliar a condução orçamentária com a gestão dos projetos prioritários. O tucano será responsável por fazer a gestão deslanchar. O Planejamento será um pouco Casa Civil. E a Casa Civil, com Nelson Martins (PT), deverá assumir perfil mais parecido com o da secretaria de Relações Institucionais, que será extinta. Deverá incorporar as funções políticas e de interlocução.

Em tempo em que as relações entre PT e PSDB estão no pior patamar de todos os tempos, o Ceará vive essa situação inusitada: o governo tem em suas duas principais secretarias um petista e um tucano. Os dois maiores inimigos da República dividem a administração do Ceará. Nunca antes na história deste Estado.

Na parte de obras, sai André Facó, sem ter deixado legado lá muito marcante. Lúcio Ferreira Gomes vai para seu lugar. Em um ano e meio na Secretaria das Cidades, o irmão de Cid e Ciro Gomes não chegou a mostrar publicamente trabalho dos mais impressionantes. Talvez a avaliação interna de seu desempenho justifique o que pode ser percebido como promoção. Para as Cidades, o ex-reitor Jesualdo Farias. Está há anos envolvido na gestão educacional, na Universidade Federal do Ceará, com passagem pelo Ministério da Educação. Por formação, é engenheiro mecânico. Na secretaria, terá papel de tocar as intervenções mais capilarizadas do Estado. Muitas obras não são grandes, mas estão espalhadas em municípios do Ceará inteiro. Jesualdo mostrou-se gestor realizador. Isso deve tê-lo levado ao cargo. Porém, até hoje não mostrou as habilidades específicas para a área que passa a administrar.

Na segurança, a mudança havia ocorrido na semana passada. André Costa assumiu a Segurança Pública com a difícil tarefa de substituir Delci Teixeira. Leva para o cargo técnicas de coaching – metodologia de desenvolvimento pessoal -, abordagem motivacional e visão bastante preocupante sobre a valorização dos direitos humanos, num Estado no qual 44 policiais estão presos acusados de cometer brutal e covarde chacina. Na Justiça, Socorro França assume a função de administrar o caos prisional. Como bem falou no O POVO de ontem o antecessor, Hélio Leitão, caberá a ela administrar as recorrentes e sucessivas crises. Se não houver mudança estrutural de concepção, irá apenas enxugar gelo. O problema aí é mais profundo e estrutural. A solução está além da competência dos governos estaduais.

Coisa interessante será observar a relação do novo secretário do Planejamento com seu colega da Fazenda, Mauro Filho (PDT). Este último, aliás, completa o trio dos gestores mais poderosos do governo Camilo e representa a cota dos Ferreira Gomes, força política mais poderosa do Estado. Ambos já foram colegas de secretariado na época de Lúcio Alcântara. Maia era vice-governador e comandava o Planejamento. Mauro era secretário da Administração, que desde a era Cid foi incorporada pela Seplag, agora sob comando de Maia Júnior.

Nos últimos dez anos, Mauro comandou a economia do Estado sem sombra ao seu lado. Nunca houve na área alguém que rivalizasse com sua ascendência sobre a área. Assim como, na época de Lúcio Alcântara, Maia não tinha rival, até pela condição de vice-governador e braço de Tasso Jereissati (PSDB) no governo que era tucano. Terão um no outro uma sombra. A observar como será a relação entre eles.

Da Coluna Política, no O POVO desta quinta-feira (12), pelo jornalista Érico Firmo:

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