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Bolsa sonegador faz bom contribuinte de otário

Há no país dois tipos de cidadãos: os brasileiros comuns e os brasileiros especiais. Os comuns têm o imposto de renda descontado mensalmente no contracheque. E honram todos os outros tributos na hora em que pagam no caixa do comércio pelas coisas que compram. Os brasileiros especiais brincam de esconde-esconde com a Receita Federal, sonegam impostos e esperam que o governo aprove algum plano que lhes perdoe os crimes e ofereça vantagens fiscais.

O programa de repatriação do dinheiro que brasileiros entesouraram ilegalmente no exterior é mais uma festa organizada para premiar sonegadores.

Alega-se que foram repatriadas apenas verbas de origem lícita. Isso é conversa fiada. O dinheiro deixou de ser lícito no instante em que migrou para o exterior sem o pagamento dos tributos devidos. Cometeram-se no mínimo os crimes de sonegação fiscal e evasão de divisas. Daí para a lavagem de dinheiro procedente do submundo do crime é um pulinho. A repatriação enxaguou e passou a ferro todo esse dinheiro de má origem.

Quebrado, o governo não tem muita alternativa. Entrega a alma para conseguir dinheiro. Arrecadou quase R$ 51 bilhões ao regularizar uma fortuna de quase R$ 170 bilhões enviada para o estrangeiro às escondidas por 25 mil emrpesas e uma centena de pessoas. A festa deve continuar. Renan Calheiros, o notório presidente do Senado, anuncia que apresentará um projeto para reabrir o bolso sonegador a partir de janeiro. A mensagem que fica é que, no Brasil, quem paga imposto é otário. JOSIAS DE SOUZA

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