Menos da metade das obras da Copa em Fortaleza foi entregue
Dois anos depois do último jogo da seleção brasileira em Fortaleza pela Copa do Mundo, contra a Colômbia, nem a metade das obras de infraestrutura para turismo e mobilidade urbana prometidas pelo poder público para o evento, realizado em 2014, foi concluída. De dez projetos previstos na matriz de responsabilidade do evento, só quatro foram finalizados.
De acordo com a matriz, firmada entre as três esferas da administração pública, deveriam ser aplicados mais de R$ 1,5 bilhão para o evento no Ceará, nos dez projetos previstos. O maior investimento em mobilidade seria para o Aeroporto Internacional Pinto Martins. A reforma e ampliação do terminal de passageiros custaria R$ 347,78 milhões. Mas as atividades no canteiro foram suspensas em maio de 2014.
A Empresa Brasileira da Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) explicou que o contrato com a empreiteira foi rescindido em virtude de baixa execução do cronograma. Com 15,6% dos serviços feitos, a responsabilidade da conclusão ficará para o futuro concessionário privado do aeroporto.
Também foram problemas com a empresa executora da obra — somada a divergências nas desapropriações — que impediram a conclusão do ramal Parangaba-Mucuripe do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), segundo o Governo do Estado. O prazo inicial era julho de 2013. As obras foram paralisadas por mais de um ano e retomadas em julho do ano passado.
Antes da Copa
As três obras concluídas antes da Copa do Mundo estão concentradas no entorno do estádio Castelão. A implantação de BRT nas avenidas Paulino Rocha e Alberto Craveiro foi investimento para garantir o acesso ao local dos jogos.
As obras atrasadas estão espalhadas pela Cidade. O POVO esteve no Montese e no Porangabussu, onde deveriam funcionar as estações Juscelino Kubitschek e Padre Cícero, respectivamente, da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor). Sobre as plataformas, o único movimento é de seguranças. Há restos dos materiais de construção e lixo acumulado. No canteiro de obras da Juscelino Kubitschek, a placa indica quando a obra deveria ter sido entregue: 21 de dezembro de 2014.
Após a Copa
De responsabilidade da União, o Terminal de Passageiros do Mucuripe excedeu R$ 97,6 milhões o valor previsto inicialmente e o orçamento precisou ser reajustado. Mas é a única obra entregue desde o término da Copa do Mundo. O projeto levou três anos até ser concluído e custou R$ 224,1 milhões.
Desde janeiro do ano passado, quando começou a funcionar, mais de 25 mil passageiros desembarcaram no terminal. O local comporta navios cargueiros e cruzeiros e tem capacidade para receber até nove mil pessoas. O espaço é constantemente alugado. A paisagem à beira-mar é o atrativo para aqueles interessados em realizar festas, casamentos, desfiles e shows.
A Metrofor a Seinf foram procuradas, mas não responderam ao O POVO sobre a situação das obras da Copa em Fortaleza até o fechamento desta matéria.