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As eleições em Fortaleza e a velha política

Em artigo no O POVO deste sábado (2), o jornalista Ítalo Coriolano questiona o termo “inauguração” em obras da Prefeitura. Confira:

Ao longo de três anos e meio de gestão, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) já inaugurou 16 novos postos de saúde. Com todo o direito, foi em cada um deles fazer ato de inauguração. Placas foram colocadas para registrar a data de entrega e os responsáveis pelas obras, como deve ser. No mesmo período, inaugurou duas escolas de tempo integral e fez o mesmo rito. Idem com as 11 Areninhas. Ótimo trabalho que merece ser reconhecido.

Entretanto, alguns exageros também podem ser observados nesses últimos meses que antecedem o período eleitoral. Quem for à Praça General Tibúrcio (mais conhecida como Praça dos Leões), por exemplo, também vai encontrar uma placa com o termo “inauguração” e o dia 28 de junho de 2016 inscritos.

Um turista ou um morador que nunca foi ao Centro de Fortaleza poderá pensar que foi RC o responsável pela construção do equipamento, o que não é verdade. O espaço foi oficialmente inaugurado em 1856, e o que o atual governo fez foi apenas uma ação de manutenção, com pintura de muros e conserto de alguns bancos, como já foi feito em outras administrações. Algo corriqueiro. Ao tentar maquiar a realidade, além de ludibriar a população, a Prefeitura comete verdadeiro ataque à memória da Capital.

A situação se repete em outras praças da Cidade, escolas e terminais de ônibus, que foram alvo de algumas reparações e, dentro de um clima de campanha, ganham ares de coisa nova, como se tivessem sido erguidos do zero ou passado por profunda intervenção estrutural.

Agora imaginem se cada prefeito que fizer alguma benfeitoria em equipamentos já existentes na Cidade resolvesse colocar uma placa no local. Em determinado tempo, teríamos um cenário esdrúxulo. Ou então se daqui a alguns anos um futuro gestor precise reformar alguma obra realmente feita por RC e coloque lá uma placa escrito “inauguração”. Seria um desrespeito à figura do hoje prefeito.

O mais absurdo, todavia, pode ser observado na periferia da Cidade, onde ruas que receberam asfaltamento também viraram motivo para eventos de inauguração. Algo que nos remete ao que há de mais arcaico no País, e vindo logo de uma gestão que trouxe tantos avanços em termos urbanísticos, como as ciclovias, o Bicicletar e as faixas de ônibus. Pelo visto, no campo político, há muito ainda o que evoluir.

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