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LULA REMOVE GRADES DE PROTEÇÃO DO PLANALTO APÓS LICITAÇÃO PARA COMPRAR 124 KM DE ALAMBRADOS

Por Weslley Galzo / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou nesta quarta-feira, 10, a retirada de todas as cercas que protegem os edifícios do Executivo federal, como o Palácio do Planalto e o Itamaraty em Brasília.A medida ordenada por Lula ocorreu um dia após o Estadão divulgar que o governo abriu uma licitação para contratar empresa responsável pela instalação de até 62 mil alambrados de proteção na Esplanada dos Ministérios.

 

As grades de proteção instaladas em volta dos principais prédios do da Praça dos Três Poderes se tornaram parte da paisagem de Brasília na última década por conta de protestos e tentativas de invasão. A remoção do material foi feita na manhã desta quarta no Planalto. Outras pastas do Executivo, como o Ministério das Relações Exteriores, também deram início à retirada.

 

No início da tarde desta quarta, o próprio Lula desceu a rampa do palácio para inspecionar a área onde antes estava as grades. “O Brasil não precisa estar cercado de grades. É deixar livre. A democracia não exige muro, não precisa de muro”, disse o presidente.

 

A segurança do Planalto manteve no pé da rampa estruturas de metal reforçado para bloquear o acesso a veículos.

 

“Se eu quisesse cercar o povo, não permitir que ele faça protesto, não tem sentido a democracia. Aquilo (instalação das grades) foi feito em um momento que o PT já não mandava mais no país, na gestão do (ex-presidente Michel) Temer. Significa que, quem faz coisa errada tem medo, ficou durante toda a gestão do coisa”, prosseguiu com ataques ao seu antecessor.

 

Segundo Lula, Temer instalou as grades no local porque o Brasil “viveu um momento de constrangimento democrático e era preciso cercar a casa”. Ainda de acordo com Lula, “quando se é presidente” não é necessário esse tipo de medida.

 

Lula ainda disse que vai ordenar a retirada das barricadas do Palácio da Alvorada, classificadas por ele como “muralha”. “Eu falei para o general Amaro (chefe do GSI) que é preciso tirar aquela muralha de frente a casa do Alckmin”, disse.

 

“Isso aqui é para poder mostrar que no regime democrático a gente não precisa estar cercado. Vou ver como a gente faz para tirar da praça dos Três Poderes, mas depois cada um cuida”, afirmou. A retirada das grades da praça dos Três Poderes depende de decisão do governador do Distrito Federal, Ibanês Rocha.

 

“O presidente entendeu que esse momento de união e reconstrução que o País está vivendo, de busca do diálogo, não há porque manter essa estrutura”, afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. “Estava na hora de devolver a Brasília e ao Brasil esse ambiente de liberdade”, completou.

 

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) abriu licitação para alugar mais de 124 quilômetros de grades de proteção para serem utilizadas nos prédios públicos sob risco de protestos em manifestações em Brasília. O “cercadão do Lula” tem extensão superior à distância entre São Paulo e Santos.

 

O GSI ainda justifica ser necessário a contratação das mais de 62 mil grades para proteger os palácios e as residências oficiais da Presidência, como o Alvorada e o Jaburu, onde moram, respectivamente, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

 

Apesar da justificativa do GSI para comprar o material, Lula disse na semana passada, em evento com servidores federais, que determinou a retirada progressiva das barreiras montadas no trajeto até o Palácio da Alvorada.

 

“Agora tem tanto empecilho para chegar no Palácio do Alvorada, não sei se vocês já viram os bloqueios que fizeram lá”, disse. “Quem faz uma quantidade de bloqueio daquela é porque está com medo de alguma coisa. Não é possível que tenha que ter um monte de muralha para poder chegar na casa do presidente, que era uma coisa para tirar fotografia. Eu vou aos poucos retirando aquilo lá. Nós precisamos fazer com o que o Brasil volte a ser civilizado”, completou.

 

O GSI, por sua vez, argumenta ser necessária a contratação de mais de uma centena de quilômetros de barreiras protetoras por causa da previsão de manifestações em Brasília, onde estão localizados os principais prédios da administração pública federal.

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