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Governo Lula faz megaevento de entrega de viaturas compradas pela gestão Bolsonaro

Por Weslley Galzo / O ESTADÃO

 

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quarta-feira, 15, de uma megasolenidade no Palácio do Planalto de lançamento do novo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). No evento, o governo petista anuncia a entrega de 270 viaturas policiais para Estados que foram compradas por meio de licitações feitas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Desde o início do mês, o ministro da Justiça, Flávio Dino, vinha alardeando a ação na área de segurança em suas redes sociais. O anúncio também foi propagandeado pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República. Os veículos serão destinados para ações de segurança na área de combate às violências perpetradas contra as mulheres. Mas o governo Lula omite que as viaturas foram compradas pela gestão do antecessor.

 

Durante o evento, Dino chegou a brincar que não precisará pedir ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a liberação de recursos para a compra de novos veículos. O governo pretende entregar mais 230 viaturas até o fim deste ano, totalizando 500 carros repassados aos Estados. O ministro, contudo, não informou à plateia no Palácio do Planalto que os carros já foram comprados e estão sob posse da União aguardando apenas a destinação.

 

A gestão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, que se encontra preso por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe de 8 de janeiro, fez uma concorrência em dezembro do ano passado para comprar as viaturas policiais. No total, o pregão envolveu aquisições no valor de R$ 338 milhões na compra de uma fronta de 2806 veículos.

 

Os 270 veículos das marcas Toyota, Chrysler e Fiat entregues hoje passaram por uma fábrica para serem convertidos em viaturas policiais e já receberam a logomarca do governo petista e do programa recriado Pronasci. Segundo Dino, embora os veículos tenham sido adquiridos pela gestão passada, o Ministério da Justiça não pretende desfazer a licitação.

 

“Nós temos licitações feitas em várias áreas e a nossa visão sempre é de garantir velocidade. Obviamente, em relação às políticas que são tradicionais, com essa de entrega de viaturas e armamentos, nós estamos aproveitando as licitações (passadas)”, disse ao ser questionado pelo Estadão. “Certamente todas as licitações que foram feitas serão aproveitadas porque não há razão para nós apertarmos uma tecla mágica e zerarmos licitações. Nós não temos interesse econômico.Nosso interesse é a boa execução da política pública”, completou.

 

O resultado da licitação foi publicado no Diário Oficial no penúltimo dia do governo Bolsonaro. No mesmo dia, o então presidente tinha viajado para os Estados Unidos para não participar da solenidade de posse e entregar a faixa presidencial a Lula.

 

A prática de omitir compras e projetos realizados por outras gestões se intensificou no governo passado. Durante seu mandato, Bolsonaro se vangloriou de ter concluído as obras de transposição do Rio São Francisco, mas sem mencionar que foram iniciadas na gestão Lula. O ex-presidente omitia que o percentual de obras remanescentes era pequeno e a maior parte da infraestrutura foi feita pelos governos petistas.

 

Na disputa eleitoral do ano passado, Lula se queixou diversas vezes da apropriação da tranposição do São Francisco pelo governo Bolsonaro. Agora de volta ao Palácio do Planalto, a gestão petista omite aquisições feitas pelo antecessor.

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