PAÍS TEM A ENERGIA MAIS CARA
O levantamento usou como base dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com exceção das nações que não têm salário mínimo estabelecido, como Noruega, Itália, Suécia, Finlândia, Suíça e Dinamarca. No estudo, o Brasil aparece como o país onde o consumidor que ganha um salário mínimo tem de trabalhar o maior número de horas para pagar pela energia. Em segundo lugar, vem o México, com 9 horas.
— O Brasil é o país com a energia elétrica mais cara entre os países listados — destacou diretor do Ilumina, Roberto D’Araujo.
Outro estudo, feito pelo professor Délberis Lima, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, constatou que a tarifa brasileira, apesar de não ser a mais cara, é a que mais pesa no salário mínimo. A pesquisa considerou o preço médio da energia em oito países, quatro da América Latina e quatro da Europa, o salário mínimo das nações listadas e o custo para pagar por um consumo de 200 kWh por mês. O Brasil ficou em primeiro lugar no ranking, com fatia de 18,5%, seguido pelo Peru, com 10%. Já o Reino Unido ocupou a última posição da lista, com o custo da energia tendo o menor peso no salário mínimo, de apenas 1,5%.
INFOGRÁFICO: Confira o ranking dos países
Entre as nações avaliadas, a Espanha tem a maior tarifa, US$ 58,65 para pagar os 200 Kwh/mês, mas representa apenas 5,5% no salário mínimo dos trabalhadores espanhóis.
CARGA TRIBUTÁRIA
A carga de impostos do setor elétrico é outro quesito em que o Brasil lidera. Enquanto na Espanha os impostos representam 26% do total da conta de luz e em Portugal, 23%; no Brasil, o peso tributário varia de 28%, para quem consome até 300 kWh/mês, até 46%, acima desse volume.
— O Brasil, apesar de não ser o que tem a maior tarifa, é o que paga mais impostos e o que tem mais peso para os trabalhadores — destacou Lima.
Para o diretor do Ilumina, apesar dos ganhos do salário mínimo nos últimos 12 anos no país, as mudanças regulatórias feitas no setor elétrico levaram a tarifa de energia a um aumento muito acima do salário — cerca de 50%, em média, apenas no ano passado. D’Araujo destacou que a renovação antecipada de contratos de geração de energia em 2013, promovida pelo governo, gerou uma queda de preços de 20% no ano seguinte. Mas, a partir de 2015, o que se viu foram elevados aumentos das tarifas elétricas. Para ele, as mudanças na regulamentação geraram prejuízos para todo o setor, tanto para consumidores como para empresas.
— Vale lembrar que a energia elétrica cara não está apenas na conta do consumo direto, mas em praticamente todos os produtos que usam eletricidade na sua fabricação. Sendo o Brasil um país privilegiado em termos de recursos naturais, há algo muito errado com a política adotada — afirmou Roberto D'Araujo.