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A solidão de Dilma Rousseff - ÉPOCA

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana:

Poucas residências são tão belas e solitárias quanto o Palácio da Alvorada. A combinação de vidro e concreto, à beira do Lago Paranoá, fica distante de todo o resto de Brasília, uma forma de resguardar e diferenciar sua moradora dos outros habitantes da cidade. Dilma está acostumada. Mora no distante Alvorada desde 2011. Contudo, o avançar do impeachment alterou seus hábitos, parece ter encurralado a presidente até mesmo dentro de sua residência.

Nas últimas semanas, no tempo que permanece por lá, Dilma tem se restringido à área privativa, uma espécie de grande apartamento, no 3° andar. Pouco sai de lá, pouco desce à ala pública do palácio. Parou de fazer caminhadas pelo bonito jardim, um hábito cultivado até há pouco. Dilma nunca esteve tão só, tão reclusa, neste casulo do poder.

A Presidência da República é, por natureza, uma posição institucional na qual o ser investido está sempre cercado de muita gente, mas solitário em sua essência. Com o poder esvaindo-se, Dilma, no entanto, tem estado sozinha até nessa vida prática. A presidente sempre foi de poucos amigos em Brasília. Costumava telefonar nos finais de semana aos assessores que considerava mais próximos, simplesmente para bater papo. No entanto, mesmo os poucos amigos que a visitavam sumiram este ano. As visitas da família, essencialmente a filha, o genro e o neto, que vivem em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, diminuíram bastante desde que a crise ficou mais pesada. O estado de saúde de sua mãe, Dilma Jane, de 92 anos, inspira cuidados, o que acarreta uma preocupação e um motivo a mais para o recolhimento pessoal da presidente. Desde 2014, quando uma de suas tias que morava no Alvorada voltou a Belo Horizonte, é Dilma quem cuida da mãe.  

Nestes tempos de ânimos acirrados em torno do impeachment, até no resguardado Alvorada as regras foram alteradas. O palácio foi provisoriamente fechado ao público para visitas, que costumavam ocorrer às quartas-feiras na área comum. A segurança foi reforçada há cerca de duas semanas, desde que um homem tentou botar fogo na bandeira nacional quando estava sendo recolhida, ao final do dia. Até as tradicionais pedaladas matinais da presidente foram alteradas. Há mais seguranças, e eles andam mais perto de Dilma para evitar a aproximação de alguém.

Capa edição 931 (Foto: Época )

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