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Obra federal parada, que já consumiu R$ 348 milhões, transforma a BR-493 (Manilha-Magé) na 'estrada da morte'

RIO - Já foram enterrados R$ 348 milhões, desde 2014, numa obra inacabada que reforçou a alcunha de “estrada da morte” ao trecho da BR-493 entre Manilha e Magé. Sob responsabilidade do governo federal, é uma parte esquecida do Arco Metropolitano do Rio, que deveria ser duplicada. Mas, apesar de ser uma das principais alternativas à Ponte Rio-Niterói, com tráfego pesado de caminhões, tem 25 quilômetros de completo descalabro, que expõem motoristas e moradores do entorno ao perigo. Virou uma rota de buracos, desvios mal sinalizados e dezenas de estruturas abandonadas à beira da pista — obstáculos que espalham pela região histórias de acidentes e vidas perdidas.

 

— Aqui, se você não foi vítima de uma batida ou de um atropelamento, conhece alguém que foi. Recentemente, uma amiga morreu numa colisão de moto. A estrada já era ruim antes das obras. Piorou muito quando largaram tudo pelo caminho — diz a dona de casa Ana Paula Paiva, moradora de Itambi, em Itaboraí.

 

Ana Paula Paiva atravessa a BR-493 com os filhos em retorno improvisado em frente a viaduto inacabado Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Ana Paula Paiva atravessa a BR-493 com os filhos em retorno improvisado em frente a viaduto inacabado Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Diariamente, ela precisa cruzar as pistas com os filhos pequenos para levá-los à escola. Os dois meninos estudam num colégio às margens da rodovia, atrás de prédios do Minha Casa Minha Vida, também inacabados. A travessia é por um retorno improvisado, por onde passam carros e ônibus. E ocorre diante de um dos três viadutos da BR-493 que começaram a ser construídos, mas que hoje estão tomados por arbustos e pontas de vergalhões enferrujados.

Cenários assim, que combinam riscos e desperdício de recursos públicos, repetem-se por toda a extensão da estrada, cuja duplicação deveria ter ficado pronta em fevereiro de 2018. Só pontes, são sete não concluídas. Quase todas acabam no mato, porque, em suas cabeceiras, as pistas não foram pavimentadas. Próximo à APA de Guapimirim, numa área cercada por brejais, chegou a ser feito um aterro para que o novo asfalto ficasse elevado em relação às faixas antigas. Parou por aí. Agora, quando chove, a terra desce para a pista original, por onde os veículos trafegam — numa mão dupla cada vez mais estreita e arriscada.

— Foi muito dinheiro jogado fora — diz Washington Paiva, o Russo, um dos líderes locais de um grupo que se mobilizou pela retomada das obras.

Ação do Ministério Público Federal

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a duplicação — executada pelo consórcio Encalso-Sobrenco- Ctesa-Concresolo — parou no fim do ano passado, por falta de verba. A previsão, afirma o órgão, é que ela seja retomada neste segundo semestre.

A falta de manutenção da via motivou o Ministério Público Federal (MPF) a pedir na Justiça, semana passada, a aplicação de uma multa de R$ 20 mil por dia ao Dnit. Os procuradores querem a realização, ao menos, de intervenções emergenciais, o que vem sendo cobrado desde dezembro. o globo

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