Frascos de larvicida contra o aedes aegypti perdem a validade no Rio
O governo do Estado do Rio assinou, em 2013, documentos que autorizavam milhares de remédios e até larvicidas para o combate ao aedes aegypti. Todo o material estragou e foi queimado com autorização do governo do estado, como mostrou com o exclusividade o Bom Dia Rio. Foram dezenas de autorizações para a incineração de remédios e materiais hospitalares que perderam a validade e estragaram no depósito da Secretaria Estadual de Saúde, em Niterói.
Os certificados de incineração foram assinados pela empresa Haztec, responsável pela queima dos medicamentos. A firma foi contratada pela Facility Tecnologia LTDA, que administrava o estoque de produtos. A queima dos remédios foi autorizada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Mas o que chama mais atenção é o tipo de produto que foi jogado fora. Em apenas um recibo, de 2013, existem cinco registros de descarte de um tipo de larvicida, usado no combate do mosquito aedes aegypti. Um dos lotes tem quase 19 mil frascos do produto e outro tem 15 mil frascos.
Somando todos os descartes registrados no recibo, foram queimados 53 mil frascos do larvicida, um desperdício de mais de R$ 50 mil. Todos tinham vencimento em 2010, ou seja, três anos antes da incineração. No total, foram jogados fora cerca de 380 mil frascos de larvicida.
O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público e pela comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa (Alerj). Nesta quinta-feira (3), o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, deve ser ouvido em audiência conjunta das comissões de Orçamento, Tributação e Saúde da Alerj. Ele tomou posse no começo do ano e vai ser questionado sobre o vencimento de remédios em meio à crise financeira do estado.
Na semana passada, o presidente da comissão, o deputado Pedro Fernandes (Solidariedade) disse que encontrou quase 300 toneladas de remédios e materiais médicos com a data de validade vencida no depósito da secretaria estadual de Saúde. Alguns eram de 2014.
Durante a vistoria, a empresa apresentou relatórios pra provar que avisou com antecedência à secretaria que o material estava pra vencer, mas quase nada foi feito.
E não foi a primeira vez, neste ano, que a situação aconteceu. No mês passado, uma fiscalização do Ministério Público descobriu mais de sete mil itens, que deveriam ter sido usados em cirurgias, vencidos. Além de próteses, cateteres pro coração e medicamentos. Um prejuízo de R$ 2 milhões.
Na semana passada, a revista Veja revelou que outras 700 toneladas de remédios e material hospitalar foram incineradas entre junho de 2014 e março de 2015. Tudo teve que ser descartado porque também perdeu a validade.
Se juntar tudo, são mais de mil toneladas de remédios e material que poderiam ajudar muita gente. Até agora, estimativas da comissão de orçamento apontam que o prejuízo com a incineração de medicamentos vencidos é de R$ 3 milhões. PORTAL G1