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Irritada com o PT, Dilma cogita não ir ao aniversário do partido Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/irritada-com-pt-dilma-cogita-nao-ir-ao-aniversario-do-partido-18752994#ixzz41GoM7K4r © 1996 - 2016. Todos direitos reservados

Álibi. Agenda da viagem de Dilma ao Chile não fala mais no retorno sábado à tarde - Givaldo Barbosa

BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff cogita não ir à comemoração do aniversário do PT, amanhã, no Rio. Incomodada com as críticas do partido à política econômica e à reforma da Previdência, ela poderá ampliar sua estada no Chile, para onde viaja nesta sexta-feira em visita oficial. A festa do PT será um desagravo ao ex-presidente Lula, que passou a ser alvo de investigação por receber favores de empresas que participaram do esquema de propinas da Petrobras. A presidente já não havia participado do programa do PT que foi ao ar na noite da última terça-feira, recusando o convite feito pela direção partidária.

A viagem ao Chile garante a Dilma um “álibi” para faltar à festa. Até o começo da semana, funcionários do Planalto que organizam as viagens presidenciais tinham a orientação de que ela voltaria ao Brasil amanhã à tarde, a tempo de ir à festa petista. Na quinta-feira, no entanto, a decisão quanto ao retorno foi suspensa, uma vez que os compromissos que ela tem no Chile poderiam se estender até o fim da tarde de sábado, inviabilizando a chegada a tempo da festa.

Ministros mais próximos da presidente defendem sua presença no evento, alegando que, neste momento em que o partido e o governo estão na berlinda devido às denúncias no âmbito da Operação Lava-Jato e à má situação da economia, a ausência seria um sinal de fragilidade ainda maior ao público externo. Para completar, Dilma ainda luta no Congresso para aprovar a CPMF e derrubar o impeachment.

— Ela não vai brigar com o PT. Esses tensionamentos são comuns, ainda mais em ano eleitoral — disse um assessor do Planalto.

A votação do projeto que mudou as regras para a exploração do pré-sal pelo Senado, na quarta-feira, deixou o PT ainda mais irritado com Dilma. Os senadores petistas receberam orientação dos ministros para votarem contra a proposta que tirava a exclusividade da Petrobras no pré-sal. No entanto, pouco antes da votação, o governo mudou de ideia, passou a apoiar o projeto do tucano José Serra (SP) e não avisou a bancada.

CARDOZO PRESSIONADO A NÃO IR

Outro alvo da guerra interna do partido é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que nem deve ir à festa do PT. As investigações em torno do ex-presidente Lula reacenderam no partido a animosidade contra o ministro e as pressões para que deixe o cargo.

Esta semana, deputados petistas, entre eles o líder na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), Wadih Damous (PT-RJ) e Moema Gramacho (PT-BA), estiveram no Ministério da Justiça e cobraram de Cardozo providências sobre os vazamentos das investigações relativas a Lula. Segundo relatos, o ministro respondeu ser “praticamente impossível” identificar e impedir os vazamentos.

Deputados subiram o tom com o ministro e um deles chegou a dizer que, caso Cardozo não tomasse providências, Lula poderia acabar preso. A visita reforçou a ideia de que a presença de Cardozo no aniversário do PT não é conveniente.

O diretório nacional do PT deve pedir, nesta sexta-feira, que o partido tenha como prioridade a montagem de ações e mobilizações de solidariedade a Lula.

“Tarefa muito especial e prioritária neste início de 2016 é a montagem de uma poderosa bateria de ações, recursos, debates e mobilizações de solidariedade a Lula, o presidente que segue iluminando de esperança o coração do povo mais humilde e já provou, em seus dois mandatos, que o Brasil pode ser o país pioneiro na consolidação de uma autêntica democracia com os pobres dentro”, diz documento que será submetido ao diretório nacional e ainda deve sofrer alterações.

Assinado pelo presidente do PT, Rui Falcão, e sob o título “Em defesa da democracia”, o texto-base diz que “o ataque a Lula” mira um projeto de nação que busca a justiça, igualdade, liberdade, inclusão e participação de todos.

O texto, de seis páginas, reserva meio parágrafo para autocrítica. O documento petista diz que “algumas práticas condenáveis da vida política brasileira terminaram impregnando segmentos do partido e resultaram em equívocos e irregularidades que abriram flancos por onde tentam atacar as forças conservadoras, buscando sempre camuflar seu objetivo maior em anular todas as conquistas da era Lula”.

O documento diz ainda que o partido “falhou” ao não realizar uma investigação ampla “na privataria tucana” — privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso — e ao não “democratizar” a comunicação social.

 




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