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Boletim médico aponta melhora de Bolsonaro; sonda e dreno são retirados

Talita Fernandes
SÃO PAULO

Um dia depois de ter sido diagnosticado com pneumonia, o presidente Jair Bolsonaro retomou a atividade de despachos: conversou com o vice-presidente Hamilton Mourão por telefone, e recebeu um de seus ministros no quarto do hospital Albert Einstein, onde está internado há 12 dias. Boletim médico divulgado nesta sexta-feira (8) diz que o presidente teve "boa evolução clínica nas últimas 24 horas, continua estável, afebril e sem dor".

O documento não trata da pneumonia, detectada na véspera, mas o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou que a infecção ainda permanece.

Bolsonaro segue em unidade semi-intensiva e não teve disfunções orgânicas, de acordo com os médicos.

O boletim diz ainda que Bolsonaro retirou a sonda nasográstrica e o dreno, que foram colocados no fim de semana, após acúmulo de líquidos, respectivamente no estômago e na cavidade abdominal.

Na quinta, exames detectaram uma pneumonia provocada por bactérias, o que levou a um reforço no tratamento com antibióticos que Bolsonaro vem fazendo desde domingo (3), quando teve febre pela primeira vez

"O dreno colocado no seu abdome, há quatro dias, foi retirado hoje pela equipe da radiologia intervencionista. Devido à melhora do quadro intestinal e boa aceitação da dieta líquida, a sonda nasogástrica foi retirada. Permanece com os antibióticos e nutrição parenteral", diz o boletim.

Bolsonaro alimentou-se pela primeira vez na noite de quinta por via oral desde que foi internado em 27 de janeiro.

Ele ingeriu caldo de carne, de galinha e gelatina. Todos são considerados parte de uma dieta líquida pelos médicos.

Este é o primeiro passo de reintrodução alimentar após a cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal à qual ele foi submetido há 11 dias. Desde que foi internado, sua nutrição era feita por via endovenosa e nesta semana ele começou a beber água.

Gradativamente, a alimentação passa pelas etapas líquida, pastosa e sólida. A alta médica de pacientes submetidos a esse tipo de cirurgia normalmente só ocorre após a normalização de ingestão de comida e evacuação.

Nas redes sociais, Bolsonaro comemorou o fato de ter voltado a se alimentar e brincou que não é ainda um pão com leite condensado, como ele costuma comer no café da manhã.

Ele divulgou uma foto na qual aparece sorrindo, ainda com uma sonda nasogástrica e fazendo um sinal de "joia" com o dedo. Em frente a ele, há uma bandeja com água e gelatina, do quarto do hospital.

“Nas últimas horas tive o prazer de voltar a comer. Ontem pela noite um caldo de carne e hoje uma boa gelatina. Estou feliz, apesar de não ser aquele pão com leite condensado kkkk. Bom dia a todos!”, escreveu. 

A retomada de alimentação e divulgação nas redes sociais ocorre um dia depois da descoberta de uma pneumonia, comunicada por meio de boletim médico divulgado de quinta, um dia depois de ele ter registrado febre de 38 graus.

A detecção de pneumonia levou à ampliação do tratamento com antibióticos, iniciado no domingo (3), quando houve detecção de febre pela primeira vez após a cirurgia.

A previsão de alta, inicialmente prevista para a última quarta, foi adiada e Bolsonaro terá de ficar internado pelo menos até o fim do tratamento com antibióticos, por mais seis dias.

Apesar da restrição de visitas, o presidente recebeu o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, na tarde desta sexta.

O encontro não estava previsto na agenda das autoridades no início do dia, e foi incluído na agenda de Bolsonaro no início da tarde.

Freitas veio a São Paulo por volta de meio-dia, acompanhado do subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Jorge Oliveira.

O encontro foi decidido de última hora. Ele será o primeiro ministro a despachar presencialmente com o presidente desde a cirurgia.

Apenas o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, esteve com Bolsonaro no hospital, mas na véspera e no dia seguinte à cirurgia, quando o vice-presidente, Hamilton Mourão, estava como interino no cargo.

De acordo com o porta-voz da Presidência, os médicos pediram que Bolsonaro "não se ponha muito efusivo", lembrando que ele ainda precisa de repouso para uma recuperação adequada da pneumonia.

A assessoria de imprensa do ministro informou que a agenda com o presidente foi decidida de última hora.

RELEMBRE O CASO DO PRESIDENTE

Bolsonaro foi submetido à cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal e retirada de uma bolsa de colostomia no dia 28 de janeiro, segunda-feira passada.

Na ocasião, os médicos mudaram a técnica prevista inicialmente e tiveram que fazer um procedimento mais complexo do que era esperado.

Um trecho do intestino, que estava ligado à bolsa que recolhia as fezes havia quase cinco meses, foi retirada e descartada.

Com isso, decidiu-se ligar o intestino grosso ao delgado diretamente. Por esse motivo, o processo foi mais longo do que o esperado, e três a quatro horas, e durou sete. 

Essa foi a terceira operação pela qual ele passou desde que foi alvo de uma facada, em setembro de 2018, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

Nos primeiros dias seguintes à cirurgia, o presidente mostrou boa recuperação.

No último fim de semana, contudo, ele teve uma parada do intestino, além de ter náuseas e vômitos. Isso fez com que os médicos decidissem colocar uma sonda nasogástrica para a retirada de líquido acumulado no estômago, que provocava enjoo.

Um aumento de temperatura no domingo também fez com que os médicos iniciassem um tratamento de amplo espectro com antibióticos, o que provocou o primeiro adiamento da alta.

Isso ocorreu ao mesmo tempo em que foi descoberto um acúmulo de água na cavidade abdominal, exigindo a colocação de um dreno no local. 

A descoberta da pneumonia levou os médicos a ampliar a quantidade de antibióticos, exigindo um recomeço do tratamento que dura, no mínimo sete dias.

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