Iguatu conta apenas com 14% de cobertura no saneamento básico
Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, conta com uma cobertura de apenas 14% de esgotamento sanitário, serviço restrito a área central e mais dois bairros (João Paulo II e Cajazeiras). A falta de saneamento básico é um problema antigo que parece não ter solução a médio prazo e traz transtornos para os moradores. A cidade é polo da região Centro-Sul com mais de 100 mil habitantes, mas carece de coleta de rede de esgoto, galerias pluviais e aterro sanitário.
Em vários bairros, a água servida das casas, oriunda de pias, chuveiros e lavanderias é despejada no meio da rua e segue junto às calçadas.
"Quando falamos em saneamento básico incluímos esgoto, água pluvial e lixo", explica o arquiteto e urbanista, Paulo César Barreto. Outro problema que a cidade enfrenta ainda sem solução é a presença do lixão, às margens da rodovia CE-282, que recebe diariamente cerca de 30 toneladas de resíduos.
Lixão
A fumaça proveniente da queima diária da rampa de lixo afeta os moradores da vilas Cajazeiras, Neuma, Moura e Chapadinha, além de grande parte da cidade.
O material vindo dos esgotos das casas e a água servida escorrem nas ruas em todos os bairros. A lama cai diretamente em lagoas e no leito do Rio Jaguaribe.
Um dos pontos de despejo fica no bairro Prado, na Vila Beira Fresca. A água servida é despejada e segue no leito do rio em direção ao açude Orós, o segundo maior do Ceará, que, atualmente, conta apenas com 5,4% de sua capacidade. "É uma poluição diária e permanente", observa a estudante do curso de Biologia, Lucirene Lima. "Os gestores precisam investir em política pública de saneamento básico", acrescenta.
Na década de 1960, foi implantada a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). A unidade faz o tratamento do esgoto coletado por meio do sistema que utiliza filtros anaeróbicos e tanque Inoff de decantação. É uma tecnologia considerada ultrapassada.
A ETE só atende 3% de toda a área central da cidade, coletando esgoto residencial e comercial. A Prefeitura de Iguatu está em busca de financiamento junto a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste para obter recursos de R$ 3 milhões visando a elaboração de um projeto de saneamento básico, moderno, por meio de um sistema de reator.
O superintendente do Saae, Tácido Cavalcante, lembra que já foram firmados protocolos de intenção com as instituições bancárias para obtenção do financiamento.
Prazo
"A nossa expectativa é que, em seis meses, ocorra a concessão do financiamento para a elaboração do projeto de saneamento básico o qual deve atender 100% da cidade", pontua o especialista.
De acordo com o Saae, as obras de saneamento básico devem custar cerca de R$ 150 milhões.
"É um projeto moderno que utiliza reduzida área, mas tem manutenção e um custo mais elevado, em comparação com a proposta anterior de implantação de lagoas de estabilização, que exige uma área mais ampla", justifica Tácido Cavalcante. diarionordeste