PARA CABETO , REDUZIR TEMPO DE INTERNAÇÃOEVBITARIA CRIAÇÃO DE NOVOS LEITOS
Uma gestão baseada na otimização de custos, a partir da eficiência do Sistema de Saúde. Assim, o novo secretário da Saúde do Ceará, o médico cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, conhecido como Dr. Cabeto, pretende gerir, de 2019 a 2022, a pasta que assume no segundo mandato do Governo Camilo Santana (PT). Por telefone, Cabeto falou ao O POVO que deve lançar um plano de 100 dias ainda em fevereiro. Entre as principais apostas do projeto que ele já chamou de "ambicioso", tornar a saúde uma fonte de economia. Além disso, encara os desafios de otimizar os leitos hospitalares, com a diminuição do tempo de internação; valorizar os profissionais da área; implantar de um sistema de custo-eficiência; suprir e garantir o acesso a medicamentos e insumos hospitalares.
O POVO: O senhor já falou em usar a pasta como meio de desenvolvimento da Economia. Como pretende fazer isso?
Dr. Cabeto: Primeiro, ter um bom diagnóstico. Só se faz planejamento com um diagnóstico adequado. A saúde é uma economia muito forte. Hoje já representa 7% do PIB do Ceará. Em termos percentuais, é um valor maior que o turismo atinge. Essa questão da economia está relacionada por uma rede de serviços muito grande, como a produção de inovação e tecnologia, que na saúde é um ponto fundamental. Quando eu me refiro a um diagnóstico correto, estou me referindo a uma análise detalhada de toda a problemática. Quando você coloca a necessidade de leitos hospitalares, o custo dos procedimentos e, principalmente, a relação de custo-eficiência. Para que a gente torne o sistema efetivo, é preciso que ele tenha um custo adequado e que dê a melhor qualidade possível. Dentro das primeiras medidas, nós vamos tratar de implantar um sistema de custo-eficiência de todo o sistema de saúde para que, a partir daí, a gente possa trabalhar não só na incentivação e premiação daqueles que tenham atingido metas adequadas, como estudar que problemática os outros que não estão atingindo podem estabelecer soluções para melhorar a qualidade. Se eu tiver um tempo médio de internação de 14 dias, por exemplo, quando o adequado são sete, se eu trabalho para reduzir isso, eu multiplico o número de leitos. Não estou dizendo que não é necessário aumentar o número de leitos hospitalares, mas, de medida imediata, é fundamental que a gente melhore a eficiência.
O POVO: O que seria
esse sistema de custo-eficiência?
Dr. Cabeto: É você conhecer bem o quanto está gastando para determinados procedimentos, e se o resultado do que está gastando está adequado. Por exemplo, eu posso estar fazendo uma cirurgia e a mortalidade cirúrgica estar mais alta do que o adequado, pode estar demorando mais tempo do que é para demorar. Em geral, vários fatores estão relacionados, como a questão dos insumos, a qualidade do ambiente dos hospitais ou das outras unidades de saúde, a qualificação das pessoas na execução desses processos. Aí eu entro num ponto importante para melhorar a eficiência do sistema, que é garantir um processo de educação continuada e de qualificação dos profissionais de saúde. Estamos estudando a possibilidade de até o final dos quatro anos a totalidade dos médicos e profissionais de saúde que trabalham no sistema estejam qualificados da maneira
mais adequada.
O POVO: O senhor tem um projeto que chamou de ambicioso. Como pretende pô-lo em prática?
Cabeto: Nos primeiros 100 dias, temos que garantir processos fundamentais para já melhorar algumas demandas que vêm há muito sendo solicitadas. Por exemplo, o suprimento de insumos e estabelecer a eficiência na aquisição desses. Isso nós vamos tratar como uma questão emergencial. A revisão dos processos de trabalho da rede porque é fundamental valorizar o trabalho do profissional de saúde. Se não tivermos essa revisão, dificilmente vamos obter o empenho e a qualificação adequada que a gente quer.
O POVO: Quais são os principais entraves na pasta?
Dr. Cabeto: O Estado aumentou e muito a sua rede hospitalar nas últimas décadas, mas está longe de atingir as necessidade que a população precisa. Acho que tem um grande problema da informatização e interoperabilidade, que é quando o indivíduo vai a uma unidade de saúde, ele seja reconhecido em todos as outras. Isso se inclui em eficiência, em redução de custos, emissão de exames desnecessários. OPOVO