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Uma transição à moda Camilo Santana

Da Coluna Gualter George, no O POVO deste domingo (9):

É anormal o silêncio e a tranquilidade que envolvem a transição de governo no Ceará. Claro que o fato de ser uma continuação justificará muito da inexistência de pressão sobre Camilo Santana, que encomendou estudos, contratou consultoria, entregou a tarefa exclusiva de acompanhar tudo ao atual secretário do Planejamento, Maia Júnior, tudo isso sem qualquer tipo de aperto conhecido de aliados, neoaliados ou futuros aliados. Ninguém dá um pio sobre o assunto. Maia Júnior, que conhece muita coisa sobre o que está projetado para o segundo governo Camilo, já avisou publicamente que ninguém ficará sabendo de nada através dele. Sua reação é imediata e objetiva a quem o procura buscando saber de algo sobre, pelo menos, a nova estruturação que está projetada: “procure o governador!”. Assim, em tom exclamativo. Na Assembleia, onde o assunto é necessariamente acompanhado com atenção, o desconhecimento é completo, informações confiáveis não circulam porque elas, incrivelmente, não existem.

Claro que a competência que o governador há demonstrado para conter a parte oficial dos vazamentos não basta para evitar que as especulações aconteçam. Por exemplo, o deputado Tin Gomes tem demonstrado simpatia à ideia de trocar a Assembleia pela secretaria dos Esportes, ex-jogador de futsal que é. Dos bons, conforme testemunhas. A hipótese vincula-se a alternativas colocadas no contexto em que a disputa pela presidência da Assembleia, onde o pedetista está com o nome colocado no momento com chances reais, possa exigir no futuro aquele jogo de compensação por algum sacrifício em nome de uma unidade política.

Outra hipótese que andou circulando nos últimos dias e que causou calafrios em alguns líderes de setores produtivos do Ceará indicava como possível a indicação do deputado federal petista José Guimarães para o novo secretariado. Falou-se numa pasta de Desenvolvimento Agrário, que substituiria à atual Secretaria de Agricultura, Aquicultura e Pesca, mas o nome, mesmo colocado ainda num nível muito especulativo, levou gente preocupada a buscar checagem da procedência dos boatos junto a fontes mais próximas de Camilo. Sem êxito, pelo que a coluna apurou.

Há mais coisa circulando. Por exemplo, discute-se muito a situação na Fazenda, havendo uma resistência silenciosa à ideia de mais um retorno ao seu comando do deputado federal eleito Mauro Benevides Filho. Vozes do empresariado consideram-no de diálogo difícil e gostariam de um outro interlocutor na área, alguém mais paciente e sensível às conversas. O atual secretário, João Marcos, que funcionou anos como “número dois” na Sefaz, é um nome visto com boa simpatia.

No geral, enfim, o Ceará experimenta um quadro de transição que repete contextos e inaugura situações. Não há novidade na falta de nomes oficiais já anunciados, porque em outras épocas assim aconteceu e a divulgação dos escolhidos aconteceu apenas às portas da posse, como era costume acontecer com Cid Gomes, o antecessor de Camilo. Para citar um exemplo. O que chama atenção agora é que tudo isso aconteça sem qualquer curiosidade, pressão ou cobrança conhecida de aliados, deixando-se o governador à vontade para redesenhar a estrutura e definir os nomes sob uma aparente tranquilidade. O risco é de ser uma calma política apenas aparente. OPOVO/COM BLOG DO ELIOMAR

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