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Programas ajudaram no combate à pobreza G1

Os programas sociais criados nas últimas décadas ajudaram a mitigar a pobreza entre os mais jovens porque passaram a fazer uma espécie de concorrência com o mercado de trabalho ao exigirem a matrícula de crianças em escola para o pagamento de benefícios.

Nos anos 90, por exemplo, uma criança de uma família que estava entre as 20% mais pobres da população, podia contribuir com até 30% da renda per capita familiar, por meio do trabalho.

 

"Isso significava que, se essa criança saísse do mercado de trabalho e fosse para a escola para estudar, a família perderia 30% da renda per capita", afirma Marcio Camargo. "Para uma família pobre, é muito dinheiro."

Bolsa Família  — Foto: Assessoria/Prefeitura de Porto Velho

Bolsa Família — Foto: Assessoria/Prefeitura de Porto Velho

Uma análise detalha do impacto do Bolsa Família por faixa etária também mostra como o programa é eficiente para reduzir a pobreza entre os mais jovens. Em 2017, de acordo com Neri, entre as famílias contempladas pelo programa, as crianças de 0 a 4 anos eram beneficiadas com uma valor do benefícios oito vezes superior ao dos idosos.

"Os programas como Bolsa Escola e Bolsa Família tiveram as crianças como grandes beneficiárias. Não foram suficientes para reverter a tendência como um todo, mas ajudaram a nivelar o campo de jogo", diz Neri.

País deve enfrentar encruzilhada

O Brasil deve enfrentar uma encruzilhada para definir o rumo do gasto público no futuro diante de uma provável combinação de milhões de crianças e jovens na pobreza em uma sociedade que será cada vez mais velha e que deve demandar mais gastos do governo - não apenas em Previdência, mas em saúde.

"Os dois extremos vão precisar do Estado, mas o país não pode abrir mão de políticas públicas ativas para a infância e juventude", afirma o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. "Será preciso reorganizar a política e ela não poder ser punitiva para os mais pobres."

Neste mês, o IBGE divulgou que a expectativa de vida ao nascer no Brasil era de 76 anos em 2017, um aumento de três meses e onze dias em relação ao ano anterior. A expectativa da FGV é que a proporção de idosos entre a população total do país cresça 488% nos próximos 50 anos.

Expectativa de vida do brasileiro ao nascer (1940 - 2017)
Brasileiro nascido em 2017 vive em média dois meses a mais que os que nasceram há dois anos
45,545,5484852,552,557,657,662,562,566,966,969,869,873,973,975,875,876761940195019601970198019912000201020162017020406080
1950
48
Fonte: IBGE

"Um gasto público com educação costuma favorecer mais a criança, o gasto com saúde beneficia mais o idoso", diz Neri. "O país vai ter de enfrentar uma série de ajustes nas políticas públicas, com faixas mais e menos impactadas pelas tomadas de decisão."

Por ora, segundo o pesquisador da FGV, as pesquisas indicam que o retorno do investimento social nos mais jovens tem sido melhor do que em faixas etárias superiores porque as crianças têm mais anos para se beneficiar dos investimentos e, portanto, a possibilidade de transformação social deste grupo é maior.

"A política social brasileira deixa a pessoa viver uma vida miserável e, no fim da vida, ela ganha um bilhete premiado e passa a ter uma renda maior", diz Neri. "Não que essa renda seja suficiente. Mas é algo que não faz sentido para o ciclo de vida de uma pessoa."

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