MP eleitoral em MG e no PI analisam campanhas pagas pró-PT em rede social
Teo Cury, O Estado de S.Paulo
27 Agosto 2018 | 17h29
BRASÍLIA - As procuradorias eleitorais de Minas Gerais e do Piauí abriram procedimentos para analisar se houve irregularidades envolvendo o pagamento de influenciadores em redes sociais para fazer campanha para candidatos petistas. O procedimento é o primeiro passo para a abertura de uma investigação formal.
O caso ganhou repercussão no fim de semana após uma série de posts exaltando a gestão do governador do Piauí, Wellington Dias, candidato a reeleição. Internautas passaram a acusá-lo de pagar uma agência de “influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular ou até caixa 2. O governador negou as acusações e a presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que o PT está averiguando as informações.
A ação foi denunciada pela influenciadora digital Paula Holanda. Em seu Twitter, ela disse que foi procurada por uma representante de uma agência de marketing digital, a Lajoy. Paula publicou suposto briefing em que uma pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência, convidou-a para participar de ação “de militância política para a esquerda” e não de cunho partidário. No trecho divulgado por Paula não havia menção a pagamentos. Ela aceitou participar.
Nesta segunda, 27, o governador do Piauí negou que sua campanha ou o partido tenham contratado influenciadores digitais para disseminar mensagens positivas sobre ele e outros integrantes da legenda. Ele ainda afirmou que sua equipe está aberta a qualquer apuração sobre o caso.
“Estamos seguros de que estamos trabalhando cumprindo a lei eleitoral à risca”, afirmou. O governador disse ainda não temer impactos das acusações nas intenções de voto em sua chapa e que o partido “tem militantes que de vez em quando falam bem do Estado”.
O governador rechaçou qualquer acusação de pagamento pelas mensagens positivas sobre o Piauí e disse ser “grato a qualquer brasileiro” que tenha tomado conhecimento sobre dados positivos do Estado e tenha resolvido “multiplicar” essa informação. “Com certeza é zero a possibilidade de qualquer participação da parte da minha campanha ou do meu partido”, afirmou o governador, que emendou na sequência uma brincadeira. “Mas continuem falando bem”, pediu.
Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), "é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes".
A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores digitais foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a Dias.
Uma das empresas apontadas como recrutadora destes influenciadores é a BeConnected, sediada em Belo Horizonte, e que tem um assessor de um deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato ao Senado, como sócio.