Bolsonaro defende uso de força para impedir ocupações
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO — O candidato Jair Bolsonaro (PSL) defendeu na manhã desta sexta-feira, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, que os donos de terras usem a força para impedir tentativas de ocupações em suas propriedades e não sejam processados por isso. O presidenciável afirmou que a sua proposta de excludente de ilicitude para policiais, popularmente conhecida como "licença para matar em serviço", seja ampliada para os produtores rurais.
— Queremos proteger o trabalhador rural das invasões do MST. A invasão de propriedade, quer seja rural ou urbana, tem que ser repelida com o uso da força — disse Bolsonaro, durante comício para uma público formado principalmente por produtores rurais e jovens.
Bolsonaro afirmou ainda que os "cidadãos de bem" que reagirem para defender suas propriedades ou vidas sejam "condecorados pela atitude de bravura". Ao longo da campanha, o presidenciável tem prometido classificar como terrorismo as invasões de terra:
— Vamos buscar retaguarda jurídica não só para nossos policiais civis e militares, mas também para os cidadãos de bem poderem reagir à tentativa de alguém surrupiar seu patrimônio ou atentar contra sua vida. Ele poderá reagir e não será processado, muito pelo contrário, será condecorado pela sua atitude de bravura.
No mesmo evento, o candidato voltou a falar em unificar o Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente. Ao buscar aproximação com os ruralistas, Bolsonaro tem defendido a flexibilização dos licenciamentos ambientais em favor do agronegócio.
— Vamos fundir a agricultura e o Meio Ambiente para que nenhuma ONG internacional continue fazendo ativismo junto ao Ministério do Meio Ambiente — afirma.
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Desde quarta-feira, Bolsonaro vem fazendo um giro pelas cidades do Oeste paulista para reforçar a aproximação com ruralistas e cativar o eleitorado na região, tradicional reduto do PSDB do candidato Geraldo Alckmin. A caravana é organizada por Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista.
Após o comício, o candidato fez uma carreata e uma caminhada no Centro da cidade. Antes de chegar a São José do Rio Preto, Bolsonaro fez uma parada em José Bonifácio, onde andou a cavalo. Neste sábado, ele estará na Festa de Peão Boiadeiro e prometeu repetir a cena.
IRONIA A ALCKMIN
À tarde, Bolsonaro esteve na cidade de Jaci, onde fez uma visita a uma instituição que atende pacientes psiquiátricos mantida por freis franciscanos. O candidato criticou os baixos recursos repassados pelo SUS para este tipo entidade.
— O que digo, com o conhecimento que tenho de parlamento e nas indicações política, se colocar um freio no ralo da corrupção tem recurso para atender grande parte dessas demandas.
Bolsonaro almoçou em pequeno restaurante na cidade. Ao entrar no estabelecimento, parou diante da televisão para assistir ao dia dos candidatos exibido no Jornal Hoje, da TV Globo. Assistiu a agenda de seu adversário Geraldo Alckmin (PSDB) de quem tenta tirar votos no interior paulista. Quando se deu conta que sua reportagem já tinha ido ao ar, perguntou:
— Apareci em cima do pangaré? — questionou, referindo-se ao cavalo que montou em vista a José Bonifácio.
Antes de deixar a cidade, o candidato fez uma aposta na Mega-Sena. Recusou-se a revelar os seis números, disse apenas que um deles era 17, seu número pra votação.
— Vou mudar o critério de sorteio dos números porque tem muita gente que desconfia — disse ao GLOBO, sem dar detalhes.