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PT faz convenção em meio a impasse na definição do vice

Ricardo Galhardo, Daniel Wetarmann e Katna Baran, O Estado de S.Paulo

03 Agosto 2018 | 20h56

PT chega à convenção do partido que vai homologar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, como candidato da legenda à Presidência sem saber se a escolha do vice será definida agora. Dirigentes petistas, porém, consideram um risco o adiamento da decisão e defendem que a indicação para a composição da chapa seja definida ainda neste sábado, 4, data da convenção da sigla nas eleições 2018.

Lula esteve nesta sexta-feira com a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, mas a discussão sobre a vice não foi conclusiva. “Não houve mudança jurisprudencial na Justiça Eleitoral”, justificou a senadora sobre uma possível modificação de entendimento de Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinando que o nome de vice seja homologado 24 horas após as convenções partidárias. O ex-presidente, condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão, pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. 

PCdoB oficializa candidatura de Manuela D
Manuela discursou em evento de lançamento da candidatura, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, advogado do PT no TSE, disse que o adiamento é arriscado. “Acho que é uma atitude de risco. A gente nunca sabe como o tribunal vai decidir. Mas existem razões políticas (para a decisão do PT) que tem que ser levadas em conta.”

Advogados eleitorais ouvidos pelo Estado  afirmaram que, em eleições anteriores, a Justiça Eleitoral autorizava as convenções partidárias a delegar a escolha do vice. “Sempre foi autorizado delegar até a data do registro (15 de agosto)”, disse o especialista em direito eleitoral Helio Silveira.

Desde quinta-feira, o PT se apressava para definir o nome do vice até o Encontro Nacional do partido, com poderes de convenção, marcado para hoje em São Paulo. A estratégia inicial do partido era escolher o vice até o dia 15, quando acaba o prazo para registro das candidaturas. Os advogados do partido, porém, mudaram de opinião e orientaram a direção a antecipar a escolha para este sábado.

Nesta sexta-feira, Gleisi, o ex-prefeito Fernando Haddad, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, embarcaram rumo a Curitiba para anunciar a mudança de planos e definir a nova estratégia com Lula.

Dirigentes petistas, no entanto, já diziam temer pela reação do ex-presidente. De acordo com líderes do PT, Lula determinou que o partido retomasse a estratégia oficial. Ontem, Gleisi ouviu outros advogados e depois de conversar com Lula decidiu voltar ao plano original, apesar do risco. 

Manuela, do PCdoB, cotada como vice de Lula

As reviravoltas provocaram tumulto no PT e em partidos aliados, com o PCdoB, cotado para ficar com a vaga de vice. Gleisi chegou a marcar uma reunião com a presidente do PCdoB, Luciana Santos, para decidir se a deputada estadual Manuela d’Ávila seria a escolhida. Segundo fontes do PCdoB, a direção petista sugeriu que Manuela retirasse a candidatura ao Planalto e ficasse no “banco de reservas” até a situação de Lula ser definida pela Justiça Eleitoral. 

Ainda de acordo com as fontes do PCdoB, a estratégia petista era indicar provisoriamente um vice do PT, possivelmente o ex-prefeito Fernando Haddad, visto como possível substituto de Lula, e a chapa “real”, com Manuela de vice, só seria anunciada quando esgotarem as possibilidades do ex-presidente na Justiça. O PCdoB, no entanto, considerou a proposta “constrangedora” e recusou.

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