Aversão do centrão é maior ativo de Ana Amélia
Eis a principal qualidade política de Ana Amélia, a candidata a vice de Geraldo Alckmin: filiada ao Partido Progressista, seus correligionários não são o problema, a senadora é que se tornou o problema deles. A biografia de Ana Amélia não contém menções na Lava Jato. Numa legenda que frequenta o topo do ranking do petrolão, a senadora garante, por contraste, uma imagem isenta de impurezas.
Jornalista de formação, Ana Amélia é liberal na economia, conservadora nos costumes e agressiva no trato com o petismo. Nas sessões do Senado, costuma ficar do lado da higidez fiscal e da moralidade. Do ponto de vista ideológico, não adianta empurrar para a esquerda, que ela não vai. Tocava no Rio Grande do Sul uma candidatura altamente competitiva à reeleição.
Quando lhe perguntam por que não abandona o PP, Ana Amélia costuma dizer três coisas: 1) Não tem compromisso com o erro; 2) O diretório gaúcho do partido não se confunde com sua direção nacional; 3) O eleitor do Rio Grande do Sul não gosta de político que troca de partido.
Na lista de opções de vice elaborada pelo senador Ciro Nogueira, presidente do PP, e pelos demais caciques do centrão, Ana Amélia ocupava um lado de destaque. O lado de fora. A aversão do centrão é o maior ativo político da senadora. De quebra, Ana Amélia pode devolver ao cesto do tucanato parte dos votos que o presidenciável do Podemos, o ex-tucano Alvaro Dias, subtraiu do PSDB na região Sul. JOSIAS DE SOUZA