Até que ponto um nome apoiado por Tasso pode surpreender Camilo?
Com o título “Os frágeis números que animam a oposição no Ceará”, eis artigo de Guálter George, editor de Política do O POVO. Ele analisa o fato de que um nome apoiado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB), poderia surpreender a estratégia dos situacionistas. Confira:
O clima aparente é de calmaria. Aparente não, real. No entanto, o pessoal da oposição anda à mil, procurando meios para agitar um pouco mais o ambiente político, criar dificuldades para o governo em seus planos eleitorais para 2018. Um dos instrumentos de orientação, como a praxe estratégica recomenda, são as pesquisas, que têm sido feitas à exaustão, segundo confirmou uma fonte presente às reuniões que têm decidido cada passo que é dado. Segundo a qual, inclusive, há números entusiasmantes.
Outro dia, garante, fez-se uma consulta restrita a municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e apareceu uma situação que deu uma revigorada boa no ânimo da tropa (termo até apropriado para uma aliança política repleta de generais, capitães e afins). Nela, apareceria uma grande disposição do eleitor em apoiar um candidato ao governo quando seu nome surgia vinculado ao do senador Tasso Jereissati, do PSDB, hoje o principal (de longe) nome da oposição no Ceará. Uma boa notícia, pela metade.
Nunca pareceu mistério que uma candidatura Tasso Jereissati, das muitas especuladas durante meses no meio oposicionista até o anúncio da escolha final pelo neófito General Guilherme Teophilo, sempre demonstrou-se a que tinha maiores chances de criar dificuldades ao projeto de reeleição do governador Camilo Santana, do PT. A real da política, no entanto, mostra que isso às vezes significa nada quando o eleitor, privado de optar por quem teria sua preferência de voto, é estimulado a escolher um indicado dele. Ás vezes funciona, mas nem sempre é assim. Da mesma forma que os apoios de aliados políticos chegam com menos facilidade quando o candidato é o nome possível e não aquele desejável, como mostram defecções sofridas entre aliados importantes, sob a justificativa sonsa de que, “o candidato tem o apoio dele, mas não é o doutor Tasso”. Até gente de dentro do PSDB fez uso deste argumento, frágil, é verdade, mas de uso recorrente quando situações do gênero se repetem nos momentos de definição eleitoral estratégica.
O esforço do interlocutor foi de demonstrar que há energia na turma que se articula para tomar o poder de quem o detém atualmente no Ceará. Existem, inclusive, outros movimentos de natureza sutil, como a contratação para tocar a campanha de um publicitário de relações antigas com o grupo dos irmãos Ferreira Gomes, inclusive familiares, caso de Einarth Jacome de Paz. Nada desestabilizador, claro, embora tenha lá seu potencial para causar incômodos. No entanto, o principal fator de estímulo ao grupo neste momento são as tais pesquisas que demonstrariam o potencial de uma candidatura eficientemente vinculada aos nomes de Tasso e do deputado Capitão Wagner.
Até porque, convenhamos, por mais que o militar escolhido para liderar a campanha oposicionista pareça surpreender em alguns aspectos, como a naturalidade que demonstra nas ações de rua como pré-candidato de primeira viagem, seria impossível esperar que se viabilizasse por suas próprias forças. Diante dele, afinal, há uma máquina pública poderosa, uma aliança que junta incríveis 24 partidos e um governador que, não sendo o político mais popular que já passou pelo cargo no Ceará, fez o suficiente para chegar à reta final de sua gestão com uma oposição enfraquecida e chances reais de ganhar mais quatro anos na cadeira.
*Guálter George
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Editor de Política.