O que Camilo tem a ver com Lúcio?
Da Coluna Fábio Campos, no O POVO deste domingo (18):
O que parecia ser uma tranquila caminhada de Camilo Santana(PT) rumo à reeleição se transformou em uma trilha espinhosa e com abismos à espreita. Uma chacina seguida da outra e a incomparável onda de assassinatos fizeram o governador sair da rota planejada e entrar numa zona de turbulência que não dá sinais de que terminará tão cedo.
Observadora atenta dos acontecimentos, a oposição esfrega as mãos e passa a comparar Camilo com Lúcio Alcântara, o austero governador cuja gestão era muito bem avaliada, mas, mesmo assim, sofreu uma dura derrota ainda no primeiro turno quando tentava a reeleição, em 2006.
O opositor que na época destroçou Lúcio foi Cid Gomes, cujo grupo político apoiou a gestão lucista e até manteve secretários no Governo. Cid tinha cheiro de novo. Lúcio emanava odores do passado. Era político oriundo da ditadura e, por muito pouco, já não havia perdido a eleição de 2002 para um inacreditável José Aírton Cirilo (PT), que surfou na onda Lula. Vale lembrar aqueles tempos. Lúcio era do PSDB. O Governo era do PSDB. Tasso era do PSDB, mas também era aliado dos Ferreira Gomes.
Num dos piores momentos de sua trajetória, Tasso retirou o apoio ao Governo de seu correligionário Lúcio acusando-o de acobertar atos suspeitos que seriam praticados por um filho do governador. A acusação em tom de denúncia criou as condições para romper com o governador de seu próprio partido e apoiar a candidatura de Cid Gomes em 2006. A julgar pelos acontecimentos que o processo político desenhou quatro anos depois (2010), Tasso deve se arrepender amargamente.
O apoio de Tasso foi importante, mas, entre outros motivos de cunho político, Cid ganhou a eleição contra o bem avaliado Lúcio porque soube comunicar a agenda certa. A saber: um projeto de segurança pública (Ronda do Quarteirão), um projeto para construir hospitais regionais e um bom projeto de educação, que já tinha em casa a partir da gestão como prefeito de Sobral.
É para esse ponto que a oposição arregala os olhos. A insegurança hoje é um problema muito mais grave do que era há 12 anos. Trocando em miúdos, um opositor com boa trajetória, capacidade de comunicação e que apresente aos eleitores um bom projeto de segurança pode conquistar muitos apoios do eleitorado que sofre com a violência. Por enquanto, ninguém se habilitou para a empreitada.