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Datafolha indica que 2018 flerta com a surpresa

Saiu mais uma pesquisa presidencial do Datafolha. Examinando-se o desempenho dos potenciais candidatos que, por serem representantes dos partidos, representam o que eles têm de melhor para oferecer, chega-se a duas conclusões incontornáveis: 1) O eleitorado não é capaz de reconhecer qualidades empolgantes nos candidatos. 2) Os candidatos são incapazes de demonstrá-las.

Lula lidera nos diversos cenários pesquisados. Mas exibe percentuais mixurucas: entre 22% e 23% dos votos. O desempenho é tão franzino que fica abaixo do percentual de eleitores que se declaram indecisos ou manifestam a intenção de votar em branco ou anular o voto: entre 25% e 27%, dependendo da simulação.

Há mais: nas sondagens de segundo turno, Lula obtém taxas inferiores às de seus rivais. Se a eleição fosse hoje, correria riscos reais de derrota em disputas diretas contra Marina Silva ou José Serra. Para quem deixou a Presidência com aprovação de 83% e cara de imbatível, amargar no primeiro turno taxas inferiores aos cerca de 30% que costumam ser atribuídos ao PT é algo vexatório.

A Lava Jato e a ruína econômica de Dilma esfarelam o prestígio de Lula. Mas ninguém capitaliza o seu declínio. No cenário mais favorável para Marina, ela soma 18% das intenções de voto. À frente das três alternativas tucanas: Aécio Neves (14%), José Serra (11%) e Geraldo Alckmin (9%). É como se o eleitor que foge de Lula preferisse escalar o muro a embarcar noutras candidaturas.

Há dois anos da eleição, a pesquisa de intenção de voto tem importância relativa. Serve sobretudo para mostrar como cada candidato está presente na memória do eleitor. Existe um outro indicador que, a essa altura, talvez seja mais importante: o índice de rejeição, que permite aferir os limites para o crescimento de uma candidatura. Lula é o candidato mais rejeitado.

Quase metade do eleitorado (46%) declara que jamais votaria no morubixaba do PT. Vêm na sequência Aécio (29% de rejeição), Michel Temer (29%), José Serra (19%), Marina Silva (17%), Geraldo Alckmin (16%)… A aversão a Lula tende a aumentar assim que a força-tarefa da Lava Jato divulgar as surpresas que reservou para ele.

Em pesquisa de opinião feita simultaneamente à sondagem eleitoral, o Datafolha verificou que 32% dos brasileiros citam espontaneamente a corrupção como o principal problema do país —à frente da saúde (17%), do desemprego (16%, índice mais alto desde março de 2009), da segurança (6%) e da educação (6%). Em dezembro de 2014, nas pegadas da reeleição de Dilma, apenas 9% mencionavam a roubalheira de dinheiro público como a encrenca mais preocupante.

Além de engordar o bloco do voto de protesto (branco ou nulo), o saco cheio do eleitorado com a podridão conspira a favor do surgimento de um nome novo, capaz de empolgar. Por ora, o eleitor exala desalento. Melhor abrir bem os olhos. Nas últimas vezes em que teve esperança, o brasileiro trombou com o caso Collor, o mensalão e o petrolão. JOSIAS DE SOUZA

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