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Lula dá a largada em ano de campanha e pede atenção a cidades com mais de 100 mil eleitores

Por Vera Rosa / O ESTADÃO DE SP

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai retomar as viagens domésticas, a partir desta semana, com um roteiro pelo Nordeste. Embora o discurso oficial seja o de que eleições municipais não têm vínculo com a disputa para o governo federal, o próprio Lula deu o tom do embate ao dizer que o duelo deste ano será novamente entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Após visitar 24 países em 2023, carregando na bagagem o mote “O Brasil voltou”, Lula agora percorrerá estradas nacionais recorrendo ao estilo “gente como a gente” que marcou suas últimas campanhas. A ideia de começar o périplo pelo Nordeste tem uma simbologia: foi naquela região que o petista obteve sua maior vantagem sobre Bolsonaro, com 12,5 milhões de votos à frente.

 

Além de 2024 ser um ano eleitoral, no qual o governo precisa correr contra o tempo para “fazer entregas”, pesquisas encomendadas para medir a avaliação do presidente, no fim do ano passado, ligaram o sinal de alerta no Palácio do Planalto. Não sem motivo: para a maioria dos entrevistados – até mesmo os que votaram no PT –, Lula deveria viajar menos para o exterior e cuidar mais dos problemas do País.

 

“Eu viajei demais em 2023. Mas vocês sabiam que eu ia viajar porque era preciso recuperar a imagem do Brasil”, disse ele em 20 de dezembro, na última reunião ministerial do ano.

A estratégia traçada pelo Executivo prevê agora uma ofensiva que inclui de inaugurações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida a novas tentativas de reaproximação com segmentos refratários ao PT, como o público evangélico.

 

Em dezembro, por exemplo, propagandas do Bolsa Família, reunidas na campanha “O Brasil é um só povo”, usaram expressões religiosas na linha do “Glória a Deus”. A iniciativa foi criticada por líderes evangélicos, que viram naquele filme um conceito estereotipado de cristão.

 

Fora das capitais noticiário é menos ‘contaminado’

A portas fechadas, Lula também pediu que ministros viajem para cidades de médio porte, com mais de 100 mil eleitores, e não fiquem somente nas capitais. A ordem é apresentar os investimentos do governo em cada região e dar entrevistas para rádio e TVs locais, onde o noticiário costuma ser menos “contaminado” por escândalos de Brasília.

 

O Planalto e o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT fizeram um mapeamento de municípios considerados ”joias da coroa”, que têm grande potencial de votos e são polos irradiadores de informações.

 

“Vamos divulgar as ações e programas do governo, ocupar bastante a mídia regional e ter uma presença mais direcionada do presidente Lula e dos ministros”, afirmou à coluna o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

 

Nesta quinta-feira, 18, Lula irá para Salvador e Paulo Afonso (BA). Na capital, ele assinará um acordo de parceria para pôr de pé o Centro Tecnológico Aeroespacial da Bahia. Na mesma viagem, o presidente vai inaugurar a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Paulo Afonso e, depois, visitará a refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), um dos alvos da Operação Lava Jato.

 

Um dia depois, na sexta-feira, 19, Lula fará um aceno na direção das Forças Armadas ao participar da cerimônia de troca do Comando Militar do Nordeste, no Recife (PE). Em seguida, ele embarcará para Fortaleza (CE), onde lança a pedra fundamental do campus do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

 

Racha dos irmãos Gomes beneficia PT em Fortaleza

O PT ganhou vários filiados no Ceará após o racha entre o senador Cid Gomes e o irmão dele, Ciro, candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2022. Por causa da briga, Cid está de saída do PDT e, prestes a retornar ao PSB, também levou uma parte de seu grupo político para as fileiras petistas.

 

Na lista está o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, que se filiou ao PT após deixar o PDT e hoje é pré-candidato à prefeitura de Fortaleza, com o apoio de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana.

 

Enquanto aliados do governo montam seus palanques municipais – e, em muitos casos, em lados diferentes –, no Planalto auxiliares de Lula dizem que, em 2024, a agenda internacional desembarcará no Brasil por causa do G-20.

 

Serão mais de 120 reuniões do grupo das maiores economias do mundo. Os encontros ocorrerão em 13 cidades até a Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo no Rio de Janeiro, em novembro, mês em que o Brasil passará o bastão da presidência do bloco.

 

Neste ano, o périplo de Lula fora do País será bem menor. Sua primeira viagem ao exterior está marcada para fevereiro, quando ele vai participar da Cúpula da União Africana de Nações, na Etiópia. Desde setembro, a União Africana – que reúne 55 países – é membro permanente do G-20.

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