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Motim, 'cooptação' e polêmica: veja os bastidores do debate entre os candidatos a governador

Luana Barros, Alessandra Castro, Felipe Azevedo, / DIARIONORDESTE

 

Um dos destaques do PontoPoder Especial Debate, nesta sexta-feira (16), foi o embate entre os três candidatos ao Governo do Ceará. Capitão Wagner (União Brasil), Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT) trocaram farpas sobre assuntos como a paralisação das forças de segurança no Estado em 2020 e recentes acusações sobre suposta 'cooptação de prefeitos' com ajuda da máquina pública. 

Os candidatos e aliados que os acompanharam nos estúdios do Sistema Verdes Mares comentaram a respeito dos principais pontos levantados durante o debate e também sobre tópicos alvos de críticas dos adversários. 

 

Além de assessores, os candidatos chegaram acompanhados de aliados ao Debate PontoPoder. O candidato ao Senado, Camilo Santana (PT), acompanhou Elmano de Freitas. Já Capitão Wagner foi acompanhado pelos candidatos a vice, Raimundo Gomes de Matos (PL), e ao Senado, Kamila Cardoso (Avante). 

Roberto Cláudio, por sua vez, chegou junto com o ex-secretário de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura de Fortaleza, Ferruccio Feitosa. 

CONFIRA A REPERCUSSÃO ENTRE CANDIDATOS E ALIADOS SOBRE ASSUNTOS TRATADOS DURANTE O DEBATE PONTOPODER.

ACUSAÇÃO CONTRA O GOVERNO DO CEARÁ

Durante o terceiro bloco do Debate, a ação contra o Governo do Estado movida pelo PDT por suposta utilização da máquina pública para cooptação de prefeitos foi mencionada pelos adversários de Elmano de Freitas.

Capitão Wagner perguntou a Roberto Cláudio a respeito do assunto, que foi caracterizado pelo deputado federal como uma denúncia "grave". Já Roberto Cláudio afirmou que o Ceará já passou pela "época dos coronéis". Em direito de resposta, Elmano afirmou que não imaginava "em uma combinação de pergunta e resposta (de Roberto Cláudio) com Capitão Wagner". 

Wagner, após o debate, negou qualquer 'dobradinha' com o candidato pedetista ao tratar do assunto. Ele afirmou que vem recebendo perguntas de eleitores sobre o assunto e que deu "oportunidade para os dois se explicarem". 

"É um fato que está na mídia e precisa ser esclarecido, e quem deve esclarecer são os dois. Eu não me envolvi, não fui eu quem denunciei, eu não tenho nada a ver com isso".
CAPITÃO WAGNER
Candidato ao Governo do Ceará

Já Roberto Cláudio ressaltou que é um assunto que "afeta a minha candidatura e a do Wagner". O candidato reafirmou as acusações sobre o "uso da máquina pública" e de convênios para "perseguir prefeito que não apoia o candidato Elmano".

"É algo muito grave que precisa ser denunciado, investigado e, se confirmado, ter as devidas punições", disse após o debate.
ROBERTO CLÁUDIO
Candidato ao Governo do Ceará

Ao rebater os adversários, Elmano de Freitas afirmou que a combinação entre os outros dois candidatos ocorreu para "falar de uma coisa que ambos sabem que não existe". Ele ressaltou que o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) "reconheceu erro" em diligência feita, no início da semana, na Superintendência de Obras Públicas do Ceará.

"Eu lamento que a pessoa saber que informação não procede e querer usar isso em um debate político", completou.  
ELMANO DE FREITAS
Candidato ao Governo do Ceará

MOTIM DE POLICIAIS EM 2020

A declaração de Capitão Wagner de que havia mudado de posicionamento sobre a paralisação de agentes de segurança também foi alvo de questionamentos, dessa vez de Elmano de Freitas. O petista perguntou a opinião do adversário a respeito da anistia a agentes de segurança envolvidos no motim. 

"O grupo liderado pelo Capitão Wagner, quando foi votar a proibição de anistia, o grupo dele votou contra, defendeu a impunidade aos policiais. (...) Eu não quero um governador que diz uma coisa para a tropa e outra para a sociedade", disse Elmano durante o debate. 

Em resposta, Wagner lembrou ao adversário que "em 2012, foi ele que me levou ao (então) presidente Lula (PT), foi ele que me levou ao governo federal para garantir a anistia dos policiais daquele movimento". "Fale a verdade para o cearense que está assistindo", completou. 

Elmano e Camilo
Legenda: O ex-governador e candidato ao Senado, Camilo Santana, acompanhou Elmano de Freitas no Debate PontoPoder
Foto: Fabiane de Paula

Aliado de Elmano de Freitas, Camilo Santana comentou o posicionamento de Wagner nos bastidores. Foi o ex-governador quem enviou, à Assembleia Legislativa do Ceará, projeto de lei proibindo a concessão de anistia para agente de segurança que participassem de motins. 

"O importante foi meu posicionamento, enquanto governador do Estado, em não aceitar o motim no Estado do Ceará nem aceitar anistia", disse. "O Wagner sempre esteve ao lado dos dois motins que tiveram no Estado do Ceará, que desorganizou a Segurança Pública, que apavorou a população. Ele precisaria assumir isso". 

EMBATES ENTRE EX-ALIADOS

As críticas de Roberto Cláudio às gestões de Camilo Santana e Izolda Cela a frente do Executivo estadual, de quem era aliado até pouco antes da campanha eleitoral. Capitão Wagner falou que o pedetista e Elmano que "até ontem eram aliados", agora "brigam". 

Aliada do candidato do União Brasil, Kamila Cardoso também comentou os embates entre os ex-aliados e adversários de Wagner pelo Governo do Ceará. 

"Os outros dois em um embate e combate, deixa mais claro cada vez mais para o povo cearense que nós temos sim um governador preparado, um governador da mudança, que apoia sim as causas que eu tanto defendo e vou defender lá no Senado", disse a candidata.  

Raimundo Gomes de Matos, Capitão Wagner e Kamila Cardoso
Legenda: Capitão Wagner esteve acompanhado da candidata ao Senado, Kamila Cardoso, e do candidato a vice, Raimundo Gomes de Matos
Foto: Fabiane de Paula

Ainda durante o debate, Roberto Cláudio se defendeu e afirmou ser "grato a quem me apoia". "Mas não tenho cabresto, tenho uma história de liberdade e autonomia", ressaltou. 

Uma das lideranças que tem acompanhado constantemente a agenda do pedetista, Ferruccio Feitosa elogiou a desenvoltura do aliado durante o debate. 

"Uma oportunidade de ele mostrar com muita clareza as propostas deles em várias áreas, e onde ele chama atenção, no que ele quer corrigir, no que quer inovar, fazer diferente para o povo cearense", afirmou.

Ferruccio e RC
Legenda: Aliado de Roberto Cláudio, o ex-secretário municipal Ferruccio Feitosa acompanhou o candidato no Debate PontoPoder
Foto: Fabiane de Paula

RELAÇÃO COM BOLSONARO

Um dos temas levantados durante o debate foi a relação entre Capitão Wagner e o presidente Jair Bolsonaro, que é candidato à reeleição. No  início do debate, Wagner chegou a ser chamado de "candidato do Capitão Bolsonaro" por Elmano de Freitas. 

Após o debate, Wagner afirmou que não precisa se "apoiar em padrinho, em apoio nacional ou local para contar a história". "Quem se apoia em padrinho político é quem não tem história", ressaltou o candidato. Ele lembrou que o arco de alianças da sua coligação possui cinco candidatos à presidência. 

Capitão Wagner
Legenda: Nos bastidores, Capitão Wagner falou sobre como deve ser a relação com o governo federal
Foto: Thiago Gadelha

"Por mais que os adversários queiram que eu entre nessa discussão, não é bom para o Ceará, não é bom para o cearense. Seja quem for o presidente, eu vou ter que sentar com esse presidente", completou em entrevista após o Debate PontoPoder. 

APOIO DE CID E IVO GOMES

Em um dos embates, durante o debate, entre Roberto Cláudio e Elmano de Freitas, o petista afirmou que o adversário "não tem apoio", inclusive entre lideranças do PDT. "O Cid (Gomes) não te apoia, o Ivo (Gomes) não te apoia, porque você desagregou, porque sua sede de poder lhe cegou", criticou Elmano. 

Após a transmissão, Roberto Cláudio falou sobre o assunto. Ele disse que respeita a decisão de Ivo e Cid de que "só irão se envolver no segundo turno". "Só cabe a eles poder explicar as razões", ressaltou. Ele afirmou ainda que o ex-governador é uma referência para a candidatura. 

Roberto Cláudio
Legenda: Roberto Cláudio falou, após o debate, sobre a ausência de apoio de algumas lideranças do PDT à sua candidatura
Foto: Thiago Gadelha

"O que interessa para o povo é que o melhor exemplo, a melhores lições do Cid estejam representadas na minha candidatura. Elas estão com muito orgulho para mim, que tenho por ele, como eu disse, uma relação de muito respeito e profunda admiração", ressaltou. 

POSSIBILIDADE DE ALIANÇA

Roberto Cláudio, por sua vez, criticou Elmano de Freitas por estar se "pabulando de tudo que o Camilo fez" e disse que o petista resolveu "incorporar até as realizações do Cid (Gomes) como suas". 

Após o debate, Elmano de Freitas falou sobre o papel de Cid Gomes, inclusive em um eventual segundo turno, e disse ter "respeito como grande líder do nosso Estado, que iniciou o projeto que estamos construindo". 

Elmano de freitas
Legenda: Elmano de Freitas comentou sobre eventual atuação de Cid Gomes caso ocorra segundo turno na disputa estadual
Foto: Thiago Gadelha

"Depois o governador Camilo ampliou esse projeto em várias áreas do nosso Estado", ressaltou. Sobre diálogos caso chegue ao segundo turno, o candidato afirmou que "evidentemente vamos conversar, dependendo de quem seja candidato no segundo turno". 

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