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Lula supera Bolsonaro em anúncios no Google e investe R$ 1,3 milhão só no YouTube

Redação / O ESTADÃO

30 de agosto de 2022 | 12h00

Por Natália Santos e Levy Teles

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o campeão em anúncios políticos no Google. O petista gastou R$ 1,55 milhão em 232 publicidades nos formatos de vídeo e texto. Principal plataforma de audiovisual online no País, o YouTube recebeu R$ 1,3 milhão do montante total.

Com a desenvoltura do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas plataformas digitais, o PT tem investido no mundo virtual para dialogar com o segmento evangélico, atrair o eleitor jovem e impulsionar na internet a versão de Lula sobre os escândalos de corrupção na Petrobras que marcaram a era petista à frente da Presidência.

O ex-presidente Lula (PT) em campanha em São Paulo. Foto: Carla Carniel/Reuters

Os gastos do ex-presidente começaram depois de dada a largada oficial da campanha, no dia 16 de agosto, e vão até esta terça-feira, 30. Na pré-campanha, o petista não havia feito nenhum anúncio, diferentemente de Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT), por exemplo. Procurada, a campanha de Lula não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Ao longo de 2022, Bolsonaro fica em segundo lugar, com R$ 846 mil em 23 anúncios – desse total, R$ 797 mil foram usados em julho só com publicidades na semana da convenção do PL, quando o presidente foi lançado pela legenda à reeleição, e outros R$ 44,5 mil com anúncios durante a campanha oficial. Na sequência, vem Simone Tebet (MDB), com R$ 318 mil em 21 anúncios feitos já na campanha oficial. Ciro gastou R$ 196 mil em 2022, dos quais R$ 71 mil foram focados em 25 publicidades feitas depois do dia 16.

A investida petista tem gerado resultado, segundo Marcelo Alves, professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. De acordo com levantamento do Observatório das Eleições, do qual Alves faz parte, as publicidades de Lula registraram aproximadamente 78 milhões de impressões, métrica usada para mostrar quantos internautas viram os conteúdos divulgados, até o dia 25 de agosto, dados mais recentes. Um usuário pode assistir ao vídeo mais de uma vez.

Para Alves, houve uma “guinada” na campanha petista. “Um dos vídeos, dizendo que Lula não vai fechar igrejas, tem mais de 5 milhões de visualizações, algo sem precedente no perfil dele na rede”, afirmou Alves. “É uma estratégia nova, com uma tensão digital que a gente não tinha visto até então, com capacidade não de virar o jogo, mas nivelar o alcance (em comparação a Bolsonaro)”, disse.

Nesse caso, o PT gastou entre R$ 80 mil e R$ 90 mil – a plataforma do Google não informa o valor exato, e os anúncios ficam no ar conforme o período contratado. O vídeo mostra que o ex-presidente sancionou, em 2009, a lei que criou o Dia da Marcha para Jesus e resgata discurso durante sanção da Lei de Liberdade Religiosa, em 2003.

“Durante muitos e muitos anos, eu me encontrava com pastores que perguntavam: ‘Ô Lula, é verdade que, se você ganhar as eleições, você vai fechar as igrejas evangélicas?’ Se alguém tinha dúvida, a dúvida acabou. É livre o direito de organizar uma igreja e praticar sua religião”, diz o ex-presidente. Ao fim do vídeo, uma narradora diz: “Nenhuma igreja foi fechada. E nunca será”.

O vídeo mais caro do petista custou mais de R$ 90 mil. A peça mostra o novo jingle de campanha do candidato. Em um ritmo de pisadinha e com “dancinhas do TikTok”, a música afirma que Lula é “o cara”, o “homem do povo” e o “melhor presidente do Brasil”. No ar por sete dias, o anúncio teve mais de 10 milhões de visualizações. Um mesmo conteúdo pode ser visto mais de uma vez pelo mesmo usuário.

Candidato tenta atrair o eleitor jovem com jingle de campanha. Foto: Reprodução/YouTube

Edição

A entrevista de Lula ao Jornal Nacional, da TV Globo, na quinta-feira passada, 25, foi editada e rendeu anúncios. No vídeo, o apresentador William Bonner aparece dizendo que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) parcial na Operação Lava Jato e que o ex-presidente “não deve nada para a Justiça”. O anúncio, então, corta para o candidato defendendo que, caso eleito, vai investigar aqueles que cometerem crimes.

Bonner, no entanto, relembra que houve corrupção na Petrobras e pergunta como o ex-presidente pretende convencer os eleitores de que os escândalos não vão se repetir. “Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)”, disse Lula, em trecho omitido no anúncio.

O ex-presidente Lula (PT) em sabatina no Jornal Nacional. Foto: Divulgação/TV Globo

O recorte foi exibido em todos os Estados e no Distrito Federal nos dias 27 e 28 de agosto e custou entre R$ 40,5 mil e R$ 46,5 mil para a campanha. São Paulo e Rio de Janeiro tiveram, sozinhos, um investimento em torno de R$ 9,5 mil e R$ 5 mil, respectivamente.

Regras

O Google permite que anunciantes possam direcionar conteúdos por região, gênero e faixa etária. Dessa forma, é possível identificar que a campanha de Lula produziu anúncios direcionados para o público feminino, em que cita leis de proteção à mulher, por exemplo.

Os moradores de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte também receberam um conteúdo específico sobre a transposição do Rio São Francisco. Denominado de “a verdade”, o anúncio afirma que Lula fez a maior parte das obras e que Bolsonaro “quer levar a fama” sobre o projeto.

A plataforma de transparência de anúncios políticos do Google ainda mostra que os três maiores colégios do País foram os que mais receberam atenção da campanha petista. Em São Paulo, foram R$ 320 mil, seguido pelo Rio de Janeiro, com R$ 130 mil, e por Minas Gerais, com R$ 126 mil.

Ainda de acordo com a ferramenta, a campanha de Lula teve anúncios retirados do ar por violar a política do Google, mas não é informada qual a infração cometida.

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