Pesquisa Ipec de hoje vai medir influência da religião dos candidatos a presidente e adesão ao consignado do Auxílio Brasil
Por Nicolas Iory — São Paulo O GLOBO
A nova rodada da pesquisa do Ipec contratada pela TV Globo e “Folha de S.Paulo” trará novos elementos para a disputa dos candidatos a presidente pelos votos de segmentos religiosos do eleitorado. O questionário do instituto fundado por ex-executivos do Ibope inclui pergunta sobre a influência da religião do candidato na hora do eleitor decidir o voto.
Os resultados que serão divulgados pelo Jornal Nacional nesta segunda-feira importam especialmente às campanhas dos dois líderes da corrida presidencial: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Os dois candidatos têm a preferência de praticamente três quartos do eleitorado (44% do petista e 32% do atual presidente) e vêm acenando aos eleitores que praticam alguma crença, com destaque para os evangélicos, um dos poucos segmentos da população em que Bolsonaro tem larga vantagem sobre Lula.
Os pesquisadores do Ipec ouviram 2.000 pessoas presencialmente em todas as regiões do país entre 23 e 29 de agosto. O período engloba os dias seguintes às entrevistas dos quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas ao Jornal Nacional. Além de Lula e Bolsonaro, também foram aos estúdios do telejornal Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
A nova medição de intenções de voto dará pistas sobre a efetividade das primeiras semanas de campanha oficial, e também se já houve reação do eleitorado às primeiras propagandas veiculadas na TV e no rádio.
Uma parte menor dos eleitores entrevistados pelo Ipec pôde ainda acompanhar o primeiro debate entre os presidenciáveis, realizado no domingo pela TV Band em conjunto com a TV Cultura, a “Folha de S.Paulo” e UOL. Os resultados não servirão para indicar o saldo dos candidatos após o programa. Isso porque mesmo aqueles que conseguiram assistir ao debate tendem a demorar alguns dias para formar opinião a respeito, num processo que também é influenciado por vídeos e comentários que circulam nas redes sociais, além de familiares e amigos.
Um dos temas recorrentes nas perguntas e respostas dos participantes do debate foi a política de transferência de renda. Em disputa estão os votos da população que ganha menos, grupo que inclui os mais de 20 milhões de beneficiários do Auxílio Brasil, programa do governo Bolsonaro. O valor médio do benefício aumentou R$ 200 no início deste mês, mas as pesquisas feitas desde então indicaram que não houve neste primeiro momento retorno eleitoral para o presidente.
O reajuste e prorrogação dos pagamentos do Auxílio Brasil até dezembro são a principal cartada de Bolsonaro em busca da reeleição. Outra ação para seduzir o eleitorado de baixa renda é a regulamentação de crédito consignado para quem recebe auxílios do governo. A nova pesquisa do Ipec mostrará o quanto os beneficiários dos programas federais estão informados sobre a liberação desse crédito, e quantos estão dispostos a pegar os empréstimos de instituições financeiras.
A divulgação dos resultados será feita no Jornal Nacional. A margem de erro da pesquisa do Ipec é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%. O estudo está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01979/2022.