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Lupa: Lula faz relato falso no JN sobre criação de órgão contra corrupção

AGÊNCIA LUPA

O ex-presidente e candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi entrevistado nesta quinta-feira (25) no Jornal Nacional, da Rede Globo.

Durante sua participação, o petista afirmou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi criado em sua gestão, o que é falso.

O órgão, responsável por investigar movimentações financeiras suspeitas, foi criado em 1998, quando o país era presidido por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele assumiu para si também a lei contra a lavagem de dinheiro, que é da mesma data.

A Lupa checou algumas das frases ditas pelo candidato na entrevista.

Em nota, a assessoria de imprensa do ex-presidente disse que ele "estava elencando iniciativas criadas ou reforçadas no seu governo. Por isso listou esses órgãos que tiveram atuação reforçada no seu governo".

Veja, a seguir, o resultado:

Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

VERDADEIRO

Portal da Transparência foi criado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2004, durante o primeiro mandato do governo Lula. Com ele, é possível que qualquer cidadão encontre informações sobre gastos públicos do governo federal.

[Foi no meu governo que] a gente criou (...) a lei contra a lavagem de dinheiro

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

FALSO

A lei que criou a figura jurídica da lavagem de dinheiro (Lei no 9.613 de 1998) foi sancionada em março de 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) —portanto, quatro anos antes de Lula assumir a presidência. Em 2012, depois de Lula deixar a presidência, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou uma revisão dessa legislação com a Lei no 12.683 de 2012.

[Foi no meu governo que] criamos o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para cuidar de movimentações financeiras atípicas

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

FALSO

Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda responsável por investigar movimentações financeiras suspeitas, foi criado com a Lei n° 9.613/98, de 1998. Na época, o presidente era Fernando Henrique.

De acordo com o art.14 da lei, cabe ao Coaf "disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas". O art. 15 da mesma lei atribui ao Coaf o papel de comunicar às autoridades competentes quando a investigação feita pelo conselho concluir a existência dos crimes previstos na Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro.

Em 2003, durante o governo Lula, o art. 14 da lei foi editado para incluir o inciso 3º. O texto permitiu que o Coaf pudesse requerer informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em movimentações financeiras suspeitas. No entanto, ao contrário do que foi dito por Lula, o órgão já era responsável por essas investigações desde a sua criação, em 1998.

[Foi no meu governo que] colocamos o Cade para combater os cartéis

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

FALSO

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foi criado em 1962 como um órgão do Ministério da Justiça, tendo como um dos seus objetivos analisar a gestão econômica e o regime de contabilidade de empresas. A Lei no 4.137 já identificava como abuso de poder grupos fixarem preços de produtos. Em 1994, no governo de Itamar Franco, o Cade virou uma autarquia por meio da Lei nº 8.884/94. A legislação também sinalizava que não era permitido a fixação de preços.

Em 2011, durante o governo Dilma, houve uma revisão dessas normas, entrando em vigor a nova Lei de Defesa da Concorrência. "Pela nova legislação, o Cade passou a ser responsável por instruir os processos administrativos de apuração de infrações à ordem econômica, assim como os processos de análise de atos de concentração, competências que eram antes da SDE e da Seae", afirma o site do governo federalPor meio dessa nova lei, ficou estabelecido que o Cade teria como função investigar e julgar cartéis e outras condutas nocivas à livre concorrência.

Eu escolhi [o procurador-geral] da lista tríplice

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

VERDADEIRO, MAS

Nos oito anos que esteve na presidência, o ex-presidente Lula sempre escolheu para procurador-geral da República um dos nomes que estavam na lista tríplice. Em 2003, ele escolheu Cláudio Fonteles para o cargo; em 2005, Antonio Fernando de Souza, que foi reconduzido para o cargo em 2007. E em 2009, foi a vez de Rodrigo Janot assumir a cadeira da PGR.

Contudo, em entrevistas recentes, inclusive a realizada pelo Jornal Nacional, o petista se negou a assumir um compromisso de retomar a prática. "Se eu ganhar as eleições, antes da posse, vou ter várias reuniões com o Ministério Público para discutir os critérios", disse Lula após ser questionado pela apresentadora Renata Vasconcellos sobre o assunto.

Desde 2001, o Ministério Público Federal realiza eleições internas para formar uma lista tríplice de candidatos ao cargo de procurador-geral da República. É uma prerrogativa do presidente, porém, escolher ou não um dos nomes indicados.

Na primeira eleição, Fernando Henrique recusou os três nomes indicados pelos procuradores e optou por reconduzir Geraldo Brindeiro. Lula e Dilma indicaram o procurador mais votado em todas as sete ocasiões que nomearam o procurador-geral.

Michel Temer (MDB) escolheu Raquel Dodge em 2017. Ela estava na lista, mas foi a segunda mais votada. O presidente Jair Bolsonaro (PL), pela primeira vez em 18 anos, ignorou a lista e indicou Augusto Aras em 2019 e 2021.

22% [das famílias] endividadas porque não podem pagar a conta da água, a conta de luz, a conta do gás

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

candidato à Presidência da República, em entrevista ao Jornal Nacional no dia 25 de agosto de 2022

VERDADEIRO

De acordo com a Serasa Experian, contas de serviços básicos como água, luz e gás representaram 22,2% das contas atrasadas em julho. Entre os segmentos pesquisados, é o segundo maior índice de inadimplência, atrás apenas do de bancos e cartões. Ao todo, o país registrou 67,6 milhões de inadimplentes no mês passado, maior número desde o início da série histórica do levantamento, em 2016.

Edição Chico Marés e Marcela Duarte / FOLHA DE SP

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