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Votos do PT na PEC da eleição aproximam a estratégia de Lula do ridículo.

Colunista do UOL

14/07/2022 10h35

Lula ainda sonha com uma vitória no primeiro turno. Foi o que se depreendeu das declarações do candidato petista numa roda de conversas que se seguiu ao almoço que lhe foi servido por Rodrigo Pacheco na residência oficial da presidência do Senado, nesta quarta-feira. Lula alega que o triunfo antecipado seria vital para deter as ameaças de ruptura democrática. A votação da PEC eleitoral urdida para favorecer Bolsonaro, concluída na Câmara horas depois do repasto, transformou a pregação de Lula num flerte com o ridículo.

Chama-se Frei Anastácio o único parlamentar do PT a votar contra a emenda que virou a Constituição do avesso e rasgou as leis fiscais e eleitorais para autorizar Bolsonaro a injetar R$ 41 bilhões no bolso de eleitores pobres. A distribuição de dinheiro na antessala da eleição não fez de Bolsonaro um favorito. Mas pode representar o empurrão que faltava para colocar o antagonista de Lula num segundo turno sangrento.

Ouvido pela coluna Painel, da Folha, o deputado petista Frei Anastácio disse quase tudo: "Eu não seria hipócrita de criticar e votar a favor." Faltou apenas acrescentar que a hipocrisia esteve presente também nas abstenções. No Senado, nenhum petista ou aliado de Lula votou contra. Na Câmara, sete dos 56 deputados do PT preferiram se esconder atrás da abstenção. A bancada do esconde-esconde incluiu Gleisi Hoffmann, presidente do partido e coordenadora da campanha de Lula..

Lula disse na conversa com Pacheco que espera obter novos apoios ainda no primeiro turno. Ambiciona, por exemplo, a adesão do PSD, partido de Pacheco. Dono da legenda, Gilberto Kassab acaba de fechar uma aliança com Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro ao governo de São Paulo. Mas admite em privado, sem fixar datas, que deve fechar com Lula no plano nacional.

Kassab mantém as portas do PSD sempre abertas, como numa igreja. Nos templos convencionais, ensina-se que Deus tem o poder da ubiquidade. O Todo-Poderoso está em toda parte. Lula convive bem com a ideia de que, no templo do PSD, Kassab exibe o dom da ambiguidade. O resultado é o mesmo. Ele também está em toda parte.

Candidato à recondução ao comando do Senado, Pacheco foi tratado durante o almoço como uma espécie de herói da resistência contra os ímpetos antidemocráticos de Bolsonaro. Na semana passada, o mesmo Pacheco acelerou a aprovação da PEC eleitoral e articulou o sepultamento da CPI do MEC. Nesta semana, tornou-se protagonista de uma queixa-crime no Supremo. Nela, o colega Alessandro Vieira pede a apuração da suspeita de que Pacheco chegou à chefia do Senado impulsionado pela distribuição de verbas do orçamento secreto.

Lula assegura que, eleito, acabará com o rateio sigiloso de verbas federais em troca de apoio no Legislativo. Falta incluir nas mesas de almoço um programa qualquer que aponte para a correção de rumos. Esse programa pode ser mínimo, pode ter o tamanho de um biquini. Mas ele não fará sentido se não incluir coisas como a reestatização do Orçamento da União..

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