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Lula ataca cachês da 'CPI do Sertanejo' milionária ao defender gasto com cultura

BRASÍLIA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, defendeu o incentivo do Estado à cultura e comentou a chamada "CPI do Sertanejo", isto é, a série de cancelamentos de shows de artistas pagos com cachês milionários por prefeituras de cidades de poucos milhares de habitantes.

"Prefeitos gastam uma fortuna com artistas que cobram R$ 1 milhão e não são capazes de gastar R$ 30 com um grupo de teatro local, de música local. Não são capazes, porque é uma sociedade formada por uma elite dirigente incompreensível. E tem razão de ser assim, porque a elite brasileira nunca quis que o povo tivesse acesso à cultura", afirmou o pré-candidato em evento com representantes do setor artístico nesta quarta-feira.

A chamada "CPI do Sertanejo", que não se converteu de fato em uma comissão parlamentar de inquérito, foi o nome dado ao movimento que critica o pagamento de cachês altos para artistas renomados. Ela teve início quando o cantor Zé Neto questionou a cantora Anitta, dizendo que ele não dependia de pagamentos da Lei Rouanet.

Ele foi endossado por outros cantores sertanejos, como Gusttavo Lima. Como resposta, uma série de usuários nas redes sociais começaram a levar ao escrutínio público os milhões de reais pagos por prefeituras Brasil afora pelas apresentações de cantores sertanejos.

O encontro de Lula com a classe artística acontece, inclusive, na semana em que a cantora Anitta declarou voto no petista, numa das principais movimentações de artistas a favor do ex-presidente.

O ex-presidente brincou que, agora que a Anitta o apoia, ele "vai ter que aprender uns passinhos" em postagem no Twitter após o evento. No encontro de Brasília, ele dançou no palco ao mencionar que a cantora saiu a seu favor.

Essa foi a primeira vez que a cantora declarou apoio a um candidato numa eleição —mas outros posicionamentos políticos da artista, assim como a movimentação nas redes sociais depois da publicação, sugerem que ela pode ter forte impacto sobre o jogo político.

"Com ajuda da Janja [sua mulher], que tem sido muito porreta nessa questão cultural, junto com o secretário de cultura do PT, eu resolvi que em cada estado que eu vou, eu me reúno com artista, não precisa ser famoso, não. Pode não estar nem em novela, pode estar no teatro popular. O que eu quero é que o artista venha e fale", afirmou ainda o ex-presidente.

Outros nomes, como Marisa Monte, Pabllo Vittar, Daniela Mercury, Gilberto Gil, Camila Pitanga e Ludmilla também já declararam votos em Lula e mobilizam essa rede de influência deles. Só esse grupo, por exemplo, soma quase 19 milhões de seguidores no Twitter —ainda que muitos deles possam ser os mesmos usuários.

Lula, que disse que a cultura é "vital" em sua gestão, relembrou também sua relação com Gilberto Gil, quando o artista foi ministro da Cultura em sua gestão. "Quando fui eleito presidente eu não tinha relação de amizade com Gil", disse.

"Eu apenas queria um cara que fosse importante na cultura, que tivesse credibilidade, uma pessoa que eu gostasse e uma pessoa que fosse negra, e o Gil representava tudo isso. O Gil era do PV, o partido nem tinha me apoiado nessa campanha. Mas eu não estava mais procurando voto, eu estava procurando quem me ajudasse a governar este país."

Lula se reuniu com um grupo de artistas, produtores culturais e parlamentares no último evento do pré-candidato na capital federal.

Artistas ligados a uma série de gêneros musicais, como samba, rap e rock, além de representantes de outras classes de trabalhadores da área ressaltaram a importância de a próxima gestão apoiar o fomento à cultura após uma série de desmontes na gestão de Jair Bolsonaro, que acabou com o Ministério da Cultura.

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