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Tesoureiro de Lula tem como primeiro desafio conseguir doações para bancar pré-campanha sem fundo eleitoral

Por Bruno Góes — Brasília O GLOBO

 

Longe dos holofotes da corrida eleitoral, petistas travam debates sobre o financiamento de viagens e eventos para a pré-campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. O assunto se tornou espinhoso porque no atual período ainda não é possível usar os recursos do Fundo Eleitoral. A especial preocupação com a segurança pessoal de Lula, que tem se deslocado em aeronaves privadas e com escolta reforçada, tem elevado os custos da pré-campanha.

À frente deste tema está o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE). Biólogo de formação, recém-empossado na Câmara e “homem de confiança” do ex-presidente, ele é o indicado para ser tesoureiro da campanha de Lula. O cargo, por lidar com dinheiro, ganhou simbologia especial nos ataques dos adversários do partido desde a devassa promovida pela Lava-Jato.

O histórico do posto dá a dimensão do pepino: Delúbio Soares e João Vaccari Neto, dois membros da burocracia da legenda, viraram nomes famosos e protagonistas da crônica política ao serem presos no esteio da Lava-Jato. A “fama” de Delúbio veio ainda antes, no mensalão, quando ele ajudou a cunhar a expressão “recursos não contabilizados” para defender a tese de que não havia um esquema de corrupção, mas sim caixa dois de campanha eleitoral.

Foi com a prisão de Vaccari em 2015 que Macedo assumiu pela primeira vez a função de tesoureiro do PT. À época, teve atuação discreta, sem maiores percalços. De volta ao posto, ele vem sendo pressionado por correligionários a aceitar contribuições e a marcar jantares para reforçar o caixa do partido.

Ao mesmo tempo em que debate doações, o deputado-tesoureiro já começou a aparecer e a discursar em palanques ao lado do pré-candidato. Há pouco mais de uma semana, em Sergipe, figurou ao lado de Lula e do vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB). Macedo assumiu a cadeira na Câmara após a cassação, pelo TSE, do deputado Valdevan Noventa (PL-SE) por abuso de poder econômico e compra de votos na eleição de 2018. Uma campanha própria para reeleição como deputado, porém, divide o partido, já que alguns integrantes do PT defendem que o cargo de tesoureiro exige dedicação exclusiva.

Mesmo com a garantia de ter recursos suficientes para a campanha, os petistas vivem um dilema para a pré-campanha, período no qual não é permitido recorrer aos R$ 503,3 milhões da sigla no Fundo Eleitoral. A pressão de parte do partido é aceitar doações, em eventos e jantares, como o previsto para hoje, em São Paulo, com contribuições de até R$ 20 mil. Um dos organizadores do evento, o advogado Marco Aurelio Carvalho, do grupo Prerrogativas, diz que haverá apenas um evento “privado” e que não há relação com a pré-campanha. Ele confirma, porém, que integrantes do grupo fizeram doações ao Partido dos Trabalhadores. O GLOBO apurou que essas doações, juntas, superam R$ 2 milhões. Macedo também tem dito que o evento não foi marcado para a bancar a pré-campanha.

No evento, ainda devem comparecer Alckmin e a cineasta Maria Augusta Ramos, diretora do filme “Amigo secreto”, que retrata o período da divulgação das mensagens trocadas entre o então juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, e procuradores da operação.

Para reforçar o caixa em período anterior à campanha, petistas pretendem ainda lançar uma grande campanha institucional de doações à legenda. O formato, contudo, ainda é debatido e gera preocupações.

Lula, porém, sinaliza que não gostaria de ver seu nome envolvido em arrecadação financeira. Parte da legenda tem defendido que o ex-presidente faça uma grande campanha de recursos na internet. À coluna de Bela Megale, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tratou do tema e do jantar:

— Decidimos fazer o jantar para agradecer aos advogados militantes do PT que se mobilizaram para arrecadar e fazer doações ao partido. Estamos estimulando a arrecadação, temos vaquinha on-line e outra para a campanha de Lula, respeitando a lei eleitoral.

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