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Percalços de Lula - editoriais@grupofolha.com.br

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou o ano passado no que parecia uma posição das mais confortáveis para a disputa pelo Planalto. Liderava com folga as pesquisas, enquanto Jair Bolsonaro (PL) amargava a reprovação de 53% do eleitorado, a mais alta desde o início de seu governo.

O cacique petista também já havia encaminhado a aliança com o ex-tucano e rival Geraldo Alckmin, agora no PSB, o que indicava um passo rumo à moderação e criava um obstáculo estratégico para os postulantes de uma terceira via entre os dois polos da campanha.

Hoje, o cenário não se mostra mais tão cômodo. Bolsonaro recuperou algo de sua popularidade —os que consideram sua gestão ruim ou péssima caíram para 46%, segundo o Datafolha— e reduziu sua distância para Lula. Ao dar sinal de vida, o mandatário mantém a seu lado o centrão fortalecido em um novo quadro partidário.

No dia a dia, os atos e declarações do oposicionista ganham atenção crescente à medida que se aproxima o pleito. A exposição é mais arriscada para quem tem mais intenções de voto a perder —e também para quem se ampara em ambiguidades no discurso e na prática.

Na semana que se encerra, o PT buscou contatos com meios empresariais e fez saber que um ex-banqueiro, Gabriel Galípolo, passou a integrar a equipe da pré-candidatura. Já Lula manteve a cantilena demagógica em favor do controle dos preços dos combustíveis, além de distribuir impropérios contra a elite e até a classe média.

O ex-presidente defendeu de forma corajosa que o aborto seja tratado como questão de saúde pública, posição há muito advogada por esta Folha. Mas também deu munição aos adversários com uma bravata tola, ao exortar militantes do sindicalismo a pressionar parlamentares em suas casas.

Tratando-se do líder petista, seria ingênuo imaginar que as falas não tenham sido calculadas, assim como o tom mais ameno ao retomar os assuntos na quinta (7). Mais uma vez, Lula vai se equilibrando entre excitar os fiéis e acalmar os possíveis aliados de ocasião. Ora descontenta uns, ora outros.

A velha fórmula ainda está por ser testada em um ambiente político mais tóxico e uma situação econômica mais precária que a da década retrasada —e tendo o PT um passado de feitos mas também de desmandos a explicar.

 

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