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Cúpula do PSDB impõe derrota a Doria e aprova modelo de prévias com peso maior a detentores de mandato

Gustavo Schmitt e Sergio Roxo / O GLOBO

 

SÃO PAULO — A executiva nacional do PSDB aprovou, nesta terça-feira, as regras das prévias que definirão um candidato da sigla à presidência da República em 2022. O modelo estabelece uma fórmula em que aqueles que têm mandato eletivo terão peso maior do que o dos filiados, que responderão por 25% do colégio eleitoral. A votação, como já era previsto, deve ocorrer em 21 de novembro.

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O modelo representa uma derrota para as pretensões do governador de São Paulo, João Doria, cujos aliados chegaram a fazer um destaque que modificava o texto original para uma divisão igual entre os dois grupos: 50% para filiados e 50% para mandatários.

Houve ainda uma tentativa de negociação para a participação dos filiados aumentasse para 35%, que seria um aceno a Doria. Em vão. O parecer de São Paulo foi colocado em votação e foi derrotado por 20 votos a 11.

No final da reunião, os outros três candidatos nas prévias deixaram claro que se opunham a Doria e se manifestaram em apoio ao parecer original da comissão com pesos diferenciados ao voto de filiados e de quem tem mandato. Essa posição uniu todos os demais participantes da disputa contra São Paulo: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB-AM).

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Num dos momentos mais aguardados, o ex-deputado José Anibal leu uma carta do presidente de honra do partido, Fernando Henrique Cardoso. Nela, Fernando Henrique se opôs à proposta de Doria. Tucanos que acompanhavam o encontro afirmam que o clima pesou. Segundo Anibal, o presidente do diretório estadual de São Paulo, Marco Vinholi, chegou a pedir confirmação do voto do ex-presidente Fernando Henrique, que acabou não sendo computado. Semanas atrás, aliados de Doria haviam dito que o ex-presidente apoiava o seu pleito. Situação semelhante ocorreu com o voto do senador José Serra, que também acabou não computado.

Agora, a campanha eleitoral interna foi iniciada oficialmente. Caso haja segundo turno, a decisão fica para 28 de novembro.

O modelo da disputa aprovado prevê a divisão do colégio eleitoral do PSDB em quatro grupos, sendo que três deles são formados por detentores de mandato — cada conjunto vale por 25% da votação. O primeiro grupo, que terá o peso de 1/4, é formado por filiados que se registraram até 31 de maio deste ano. A sigla estima que tenha cerca de 1,3 milhão de filiados, mas que cerca de 500 mil participem ativamente da vida partidária. O segundo grupo, com igual  peso, é o de prefeitos e vice-prefeitos. O grupo três é o vereadores, deputados estaduais e distritais. Por fim, há um grupo destinado a governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da Executiva Nacional.

As discussões sobre as prévias foram marcadas por divergências nas regras desde o começo.Inicialmente, Doria pleiteava eleição direta para que todos os 1,3 milhão de filiados ao PSDB votassem. No entanto, líderes partidários capitaneados pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), antigo desafeto de Doria, opuseram-se à proposta. A alegação do grupo era de que o maior número de filiados privilegiaria a força da máquina partidária de São Paulo, estado que concentra a maior parte deles — cerca de 301 mil — e que tem um terço das prefeituras do partido.

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