As perguntas que serão respondidas em 2021 e vão definir o futuro de Bolsonaro
Com o primeiro turno das eleições municipais passado, já vão sendo computadas algumas conclusões. A derrota do presidente Jair Bolsonaro é fragorosa — seu filho Carlos teve votação muito menor do que há quatro anos, outros candidatos com o sobrenome não se elegeram, seu apoio declarado em geral lembrou beijo da morte. O PT saiu menor e outros partidos de esquerda cresceram com lideranças jovens. Não custa lembrar que também PSDB e DEM se rejuvenesceram — a maioria de seus eleitos nas capitais está na casa dos 40 ou mal passam disso. As exceções são poucas. E que os dois, com o Centrão, saem mais fortes do que as esquerdas.
O cenário que se desenha é um no qual a maioria da população continua inclinada à direita, mas preferiu políticos tradicionais ao extremismo bolsonarista. E que, no flanco da esquerda, com as pautas do impeachment e da prisão do ex-presidente Lula caindo no passado, o eleitor se afasta do PT e ensaia uma busca por alternativas.
Ainda é cedo, porém, para tirar conclusões a respeito de 2022. Pois há variáveis importantes que ainda não conseguimos avaliar. A segunda onda da Covid-19, na Europa e EUA, está mais violenta do que a primeira. Será assim por aqui? Bolsonaro conseguirá manter o pagamento do auxílio emergencial, que sustenta sua popularidade? Ou conseguirá expandir o Bolsa Família? Que tipo de pressão o governo Joe Biden fará sobre o Brasil e qual o impacto na economia do país? Aliás — qual o tamanho da crise econômica que vem?
Teremos boa parte destas respostas ainda no primeiro semestre de 2021. E elas podem definir se Bolsonaro terá chances para se reeleger ou não. Se ele chegar inteiro a 2022, porém, o grande desafio de um adversário no segundo turno será roubar votos da direita. Eles ainda são maioria. O GLOBO /