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Haddad se encontra com Mangabeira Unger, 'guru de Ciro'

Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo

08 Outubro 2018 | 21h58

No início da noite desta segunda-feira, 8, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, recebeu o ex-ministro Mangabeira Unger, espécie de guru de Ciro Gomes(PDT), para uma conversa a sós em um hotel em São Paulo. Na saída, o professor de Harvard tentou desconversar. "Estava visitando um amigo", disse ele. Diante da insistência dos jornalistas, ele admitiu. "Meu amigo Haddad, amigo de muitos anos".

Haddad busca o apoio de Ciro no segundo turno da disputa presidencial contra Jair Bolsonaro (PSL) e, apesar de acenos, ainda não recebeu uma declaração explícita de aliança. Nesta segunda-feira, o petista recebeu apoio do PSOL. Em resolução aprovada pela executiva nacional, o partido convoca sua militância para fazer campanha por Haddad mas afirma que vai manter a independência em relação ao PT. 

Mangabeira Unger
Mangabeira Unger é um dos principais auxiliares de Ciro Gomes em 2018 Foto: ED FERREIRA/ESTADÃO

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o partido não vai impor restrições por apoios no segundo turno. Segundo ela, é hora de deixar as diferenças de lado em nome de uma união em torno do que chama de risco à democracia. 

"Vamos fazer um chamamento a todos os democratas brasileiros. O que está em jogo é o futuro da democracia. Não temos restrição. Se as pessoas tiverem noção do que está em jogo no Brasil e defender a democracia têm que estar nessa caminhada", disse Gleisi. De acordo com ela, o PT está disposto a flexibilizar o programa de governo  para viabilizar as alianças. O primeiro ponto a ser descartado é a proposta de uma Constituinte. 

"Vamos sentar com os partidos agora e possivelmente ter que fazer uma revisão porque já havia uma solicitação do PCdoB e dos outros partidos para que isso não conste. É razoável e de bom tom fazer aquilo que a gente puder abrir mão", disse Gleisi.

Depois da visita de Haddad a Lula, a coordenação da campanha petista se reuniu em São Paulo para definir a estratégia do segundo turno. A ideia é dar mais autonomia a Haddad e descentralizar as decisões, hoje concentradas em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Dirigentes petistas disseram que Haddad não deve mais visitar Lula todas as segundas-feiras, como vem fazendo desde que o ex-presidente foi preso, há seis meses. Gleisi admitiu que a dinâmica da campanha pode inviabilizar as visitas semanais. 

"Vai depender muito da dinâmica da campanha. Nós temos agora menos de 20 dias. Não sei qual vai ser o tempo, a disposição, as condições para que o nosso candidato Fernando Haddad possa conversar com o ex-presidente Lula. Se for possível ele vao se não for possível nós vamos fazer campanha", disse a presidente do PT. A estratégia da campanha terá duas frentes. Na primeira o PT vai construir o "personagem" Haddad, ainda desconhecido de boa parte do eleitorado depois de um primeirio turno no qual o centro da propaganda foi Lula. 

Na segunda frente o PT vai tentar desconstruir Bolsonaro. A ideia é expor o candidato do PSL, mostrar a atuação dele como parlamentar ao longo de 28 anos muitas vezes contra propostas do governo Lula. "O povo ainda não sabe quem é o Bolsonaro", disse um assessor.

Na TV, o PT também vai explorar declarações de aliados de Bolsonaro em relação ao 13º salário e aumento do Imposto de Renda para faixas salariais menores. Além disso, a campanha de Haddad vai comparar os projetos para tentar carimbar Bolsonaro como uma ameaça a direitos conquistados nos governos do PT e reaver parte do eleitorado de Lula que votou no candidato do PSL no primeiro turno. 

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