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Quem quer as forças federais fora do rio?

Absolutamente todas as pesquisas realizadas para detectar a aprovação ou reprovação da medida que decretou intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro concluíram que a grande maioria da população é favorável ao ato. 

Pelo Ibope, 84% dos fluminenses aprovam a intervenção. O levantamento foi feito por telefone, com 600 entrevistas, nos dias 21 e 22 de fevereiro. No levantamento nacional, com 1,2 mil entrevistas, 83% dos pesquisados apoiaram a decisão tomada pelo presidente da República, Michel Temer. 

Não há surpresa. Apavorada e acossada pelo crime, a população, principalmente a mais pobre, aplaude a intervenção federal com a chegada do Exército às ruas. O motivo é óbvio: no ato, a possibilidade de se sentir menos inseguro. 

Não há ideologia no apoio dessa maioria à intervenção. Há, sim, o mais puro pragmatismo dos que estão mergulhados em seu duro cotidiano e pouco ligam para as tantas leituras, inclusive na imprensa, que buscam explicar fatos com olhos viciados do interesse político imediato e das ideologias, muitas delas de natureza assassina. 

Cito Fernando Gabeira, um carioca que já passou por diversas situações da história nacional nos últimos 40 anos. “Não estive com o Exército apenas no Haiti. Visitei postos avançados de fronteira da Venezuela, junto aos yanomamis, em plena selva perto da Colômbia. Vi seu trabalho na Cabeça do Cachorro, no Rio Negro, cobri o sistema de distribuição de água para milhões de pessoas no sertão do Nordeste”.  

“Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam. Nesse momento de intervenção federal, pergunto-me se o Exército, para algumas pessoas da esquerda e mesmo alguns liberais na imprensa, ainda não é uma espécie de fantasma que marchou dos anos de chumbo até aqui, como se nada tivesse acontecido no caminho”.  

Pois é. Costumo dizer que há uma determinada linha de pensamento que, inconfessável, fica na expectativa de um defunto para poder fazer valer a tese de que a presença no Exército nas ruas do Rio (juro que gostaria que a força estivesse aqui entre nós também) nada mais é que a expressão de uma tal de escalada autoritária.  

Lamentavelmente, o defunto surgiu. Vejam como o alvo foi bem escolhido: mulher negra, da favela, lutadora, escolarizada, vereadora de esquerda e crítica usual dos desvios de conduta de PMs. Enfim, um quadro da política, mas que se convencionou chamar de “movimento social” como forma de conceder ar superior à atividade, que é política. A personagem seria o alvo ideal de uma ação de extrema direita, não?  

Seria. Porém, aposto que nada tem a ver com ato de terror de extrema direita, racismo, homofobia ou coisa que o valha. Parece evidente que o objetivo era um só: sabotar e desmoralizar a intervenção na segurança. Desmoralizar a presença dos soldados nas ruas do Rio cuja tentativa é diminuir o estrago que lá se fez na área de segurança nos últimos anos. 

Apostem: a vereadora Marielle e seu motorista foram vítimas da bandidagem sórdida incomodada com o papel que o Exército começou a desempenhar no  Rio de Janeiro 

O pior é que muitos, incluindo parte da imprensa, reproduz exatamente o que os prováveis autores do crime queriam. No caso, o fracasso da intervenção.

 

É DE BOM SENSO ESPERAR AS CONVENÇÕES  

Ao longo dos últimos meses, tenho tratado aqui neste espaço do O POVO de uma condicionante política que tende a ser definidora da composição de alianças nos estados. Pois sim. No caso do Ceará, o único fator que parece definido é a candidatura à reeleição de Camilo Santana (PT). Justamente, um fator que não depende em nada da conjuntura nacional.  

Porém, a aliança a ser montada em torno de Camilo depende das circunstâncias nacionais. Como vai ficar o PT, o partido do governador? Vai insistir com Lula, vai lançar nome alternativo do próprio partido ou vai apoiar, por exemplo, a candidatura de Ciro Gomes, como vem sendo costurado por alas do partido? 

E o MDB de Eunício Oliveira? Parece ser evidente, pelo desempenho da economia, que o MDB terá um legado a defender. Para isso, precisa de uma candidatura própria ou de uma aliança que considere esse legado. Sendo assim, deixará livre as seções estaduais do partido para compor alianças de acordo com as circunstâncias locais? 

O mesmo vale para o DEM, que lançou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pré-candidato. No Ceará, a sigla está colada nos governos de Camilo e Roberto Cláudio (PDT) e não tem a menor intenção de abandonar essa posição. 

Todas as questões só serão respondidas às vésperas das convenções nacionais, marcadas para acontecer no período entre 20 de julho e cinco de agosto. Portanto, em quatro meses. FÁBIO CAMPOS / OPOVO

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