“Iolanda”, a agente por trás da presidente
Dilma enigmática – agora se sabe! – falava por códigos. Desvendaram seus recônditos segredos logo aqueles a quem ela deve o sonho de dois mandatos consecutivos na presidência da República: o marqueteiro “Feira”, João Santana, e sua mulher, gerentona de caixa dois, Mônica Moura, que atende pela alcunha de “Xepa”. No universo de códigos e dribles para atuar nas sombras, a deposta presidente Dilma assumiu o codinome de “Iolanda”.
Em homenagem (imagine só!) a esposa do ex-presidente na Ditadura, o General Artur da Costa e Silva. Faz sentido. Talvez justificável pelo pendor de dona Yolanda, a Dilma, por agir ilegalmente nos porões do Planalto. Sigilo para bolar esquemas informais de comunicação, criação de dois emails secretos para avisar possíveis investigados da proximidade da polícia, cobrança de recursos paralelos na sua campanha eleitoral e ciência sobre a funcionalidade do esquema que irrigou criminalmente as candidaturas petistas, inclusive a sua, estavam no radar da agente especial que cumpria em simultâneo expediente de presidente.
Yolanda armou no Planalto um QG de práticas nada republicanas, embora sempre garantisse que nunca faria isso. Direto de lá, esparramada nas cadeiras da biblioteca do Palácio, tal qual uma Mata Hari da política brasileira, disparava mensagens de natureza, no mínimo, impróprias à liturgia do cargo que ocupava. Antecipava aos amigos diletos o risco de terem a prisão decretada.
Foram os próprios que confessaram o delito com a participação inestimável de dona “Iolanda”, a Dilma. Ela tinha plena noção do dinheiro sujo que corria a rodo para bancar suas vitórias e programas eleitorais empastelados com um verniz de promessas falsas – cujo intuito era engabelar as massas. Aos criadores da versão edulcorada de “Dilminha, Paz e Amor” caberia por parte dela, de fato, uma fidelidade e gratidão irrestritas. Mas como presidente, em pleno exercício de suas funções, não há como cogitar tamanha devoção que a levou a distribuir no varejo da patota informações vitais de segurança. Foi coisa digna de espiã de Estado. Nunca de mandatária.
Estão claras, evidentes, as ações de Dilma/Iolanda para obstruir a Justiça nesse aspecto. Por muito menos, vários de seus asseclas foram parar atrás das grades, enquanto ela continua a agir, quiçá praticando atos tão ou mais escabrosos. Tome-se, por exemplo, o diálogo travado em uma das inúmeras mensagens da então presidente que vieram a público. Diz Iolanda, a Dilma espiã: “O seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo, 10. O pior é que a esposa que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois, dia e noite”.
Dada a senha, “Feira” e “Xepa” entenderam de pronto. Tinham entrado na alça de mira. Dilma buscou socorrê-los assim como o fez, por meio de “Bessias”, ao ex-presidente e tutor, Lula, quando lhe enviou uma nomeação antecipada para o ministério, de onde lhe seria garantida a imunidade, livrando-o das garras dos tribunais. Dilma, a Iolanda, não há como negar, é de uma generosidade e desprendimento extremos em relação aos amigos. Inacreditável que de dentro dos gabinetes do Palácio tenha tido o desplante de praticar tamanha ignomínia.
O casal de marqueteiros, por sua vez, em depoimentos que deram há alguns dias aos procuradores, no bojo das investigações da Lava-Jato, trataram de despir a esfinge solecista. Daqui para frente, quem sabe, será possível decifrar o que ela queria dizer quando tratava de “fabricar vento”, de “louvar a bola” porque ela “é o símbolo de nossa evolução” ou de criar as “mulheres-sapiens”, metáforas da mesma lavra, não alcançáveis por nós, pobres de vocábulos e interpretações. Talvez venha daí a melhor das contribuições de “Feira”, “Xepa” e “Iolanda”: explicar a fundo o que há por trás dessa transviada linguagem de expressões, sinais e menções que configuraram crimes os mais variados.
Desde que Dilma foi desmascarada pela dupla de seus criadores, nunca mais frases corriqueiras como “gostei do vinho indicado” ou “veja aquele filme” terão o mesmo significado. Eram comentários fictícios, alertas em forma de mensagens, para checar emails, mudar contas da Suíça para Cingapura, coisas normais no mundo da bandidagem. Nesse pormenor, Mata Hari era fichinha diante de Iolanda. Carlos José Marques, diretor editorial