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Editorial: "CFO é exemplo do que não deve ser feito"

O cearense tem acompanhado nos últimos dois anos o desengonçado esforço do Governo do Estado para encontrar uma forma de gerir e manter o Centro de Formação Olímpica (CFO). A última tentativa resultou numa visita de diretores da Caixa Econômica Federal, o banco estatal que mantém uma linha de apoio e patrocínio ao esporte brasileiro.



O atual governo parece fazer o que está ao seu alcance, mas o caso que envolve o CFO é exemplar do que não deve ser feito na administração pública. O Centro não foi fruto de planejamento ou de qualquer estudo técnico que justificasse a construção de um megaequipamento para abrigar mais de 280 atletas de alto rendimento em 26 modalidades olímpicas.

 

Com área total de 85.922,12m², sendo 45.117,87m² de área construída, com financiamento bancado pelo Governo Federal (R$ 207 milhões) e Governo do Ceará (R$ 19,8 milhões), o CFO pode ser visto como um símbolo dos tempos em que se gastava dinheiro público de forma desatinada, sem nem sequer observar a viabilidade do projeto e o peso financeiro de seu funcionamento.

 

É o que ocorre hoje com o CFO, um elefante branco, sem uso adequado e de caríssima manutenção. Somente a conta de energia elétrica suga acima de R$ 500 mil mensais do contribuinte cearense. Contam-se nos dedos os atletas de alto rendimento que por lá passaram. Pelo que se sabe, nenhum cearense. O que era para ser uma estrutura para formar atletas não formou nenhum.

 

Hoje, a imensa estrutura, que conta com um ginásio de modernas arquibancadas retráteis para mais de 20 mil pessoas (enquanto o Paulo Sarasate está às moscas), só é usada eventualmente para atividades que não são as que motivaram a sua construção. Shows de bandas musicais, por exemplo.

 

Não será fácil encontrar uma empresa, mesmo estatal, disposta a bancar o CFO para fazer com que o complexo equipamento funcione em sua totalidade. O que não nos impede de torcer para que as articulações com a CEF prossigam e tenham sucesso. No entanto, o preço altíssimo que o Ceará vem pagando é mais um demonstrativo de que o rigor técnico e a austeridade são os melhores e indispensáveis conselheiros dos gestores públicos. OPOVO

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