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Fraude em fundo de pensão dos Correios pode chegar a R$ 180 milhões

Polícia Federal faz busca em imóvel de investigado em João Pessoa, na Paraíba - Divulgação/Polícia Federal

SÃO PAULO - A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação Positus para apurar fraudes na gestão de recursos do Postalis – Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos, que podem ter causado um prejuízo de cerca de R$ 180 milhões ao fundo de pensão. A Justiça Federal decretou o sequestro de parte dos imóveis de sete investigados. A PF cumpre sete mandados de Busca e Apreensão em três estados e no Distrito Federal, sendo dois em São Paulo, três em Brasília, um em Belém e um em João Pessoa.

A pedido da PF, a 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo também expediu um mandado de prisão preventiva para o principal investigado, ex-gestor dos fundos de investimento de recursos do Postalis, que estaria vivendo na Europa. Antes, ele vivia em Miami. O nome dele é Fabrízio Neves, dono da Atlântica Asset Managment. Ele alterava valores do fundo e depositava em paraísos fiscais, segundo as investigações. Outros dois investigados são o ex-presidente do fundo Alexej Predtechensky e o ex-diretor financeiro Adilson Florencio da Costa.

 Os investigadores apuraram que há alguns meses Fabrízio requereu passaporte italiano em Miami e há dois meses viajou para a Espanha. Ele não foi localizado e seu nome foi incluído na lista vermelha de procurados internacionais da Interpol. A PF trabalha em cooperação policial com as polícias americana, italiana e a Interpol para localizá-lo e prendê-lo.

- Ele estava sendo investigado em outras instâncias, não só pela PF. Havia um conjunto de investigações administrativas e criminais. Já no curso das investigações, ele adquiriu um passaporte italiano e até mesmo deixou os Estados Unidos. Fica claro a vontade de evitar a aplicação da lei penal brasileira em relação a ele - afirmou o delegado Milton Fornazari Junior, chefe da Delegacia de Repressão a Ilícitos Financeiros da PF em São Paulo.

Foram bloqueados imóveis dos investigados, visando futuro ressarcimento dos prejuízos causados aos fundos.

O inquérito policial foi instaurado em 2012 e identificou que dois fundos de investimentos do Postalis, contendo mais de R$ 370 milhões em recursos aplicados, foram geridos de forma fraudulenta. As transações eram ordenadas por uma administradora de valores com sede em São Paulo, porém, executadas na cidade de Miami, nos Estados Unidos. A fraude consistia na compra de títulos do mercado de capitais, por uma corretora americana, que os revendia por um valor maior para empresas com sede em paraísos fiscais ligadas aos investigados. Em seguida, os títulos eram adquiridos pelos fundos do Postalis com um aumento ainda maior no valor do título. Assim, em um período de poucos dias e, sem justificativa, a aquisição era feita por um preço mais de 60% maior do que o real valor de mercado.

As fraudes ocorreram entre 2006 e 2011, de acordo com a PF.

- A corretora dos EUA, administrada pelos brasileiros investigados, adquiriam papéis no mercado de capitais americanos. E sem qualquer justificativa, no dia seguinte, vendia para empresas com sedes em paraísos fiscais, controlados por eles, com valores 20% maiores - explica o delegado da PF Alexandre Manoel Gonçalves.

No outro dia, o mesmo papel era vendido para os fundos do Postalis por um valor ainda maior.

-Existiram operações que em dois dias tiveram valores de quase 60% de diferença, o que acarretaram prejuízo em torno de R$ 180 milhões - detalha o delegado.

As buscas de hoje visam localizar novas provas e identificar o destino dos recursos desviados.

Os investigados responderão pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação de recursos de fundos e lavagem de dinheiro, com penas que variam de 2 a 12 anos de prisão. Dos sete investigados, dois são ex-dirigentes e cinco eram administradores da corretora que fazia as operações do fundo de investimento.

Ainda segundo Milton Fornazari Junior, os imóveis serão inventariados para avaliação de cada bem. - O sequestro visa garantir futuro ressarcimento de quem realmente perdeu com as fraudes, no caso os funcionários dos Correios, inclusive os aposentados - explicou.

A palavra “postal” provém do latim “positus”, nome dado aos postos de correio situados ao longo dos caminhos para dar descanso aos mensageiros - daí o nome da operação, revelou a PF. por / O GLOBO

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