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Analfabeto político - João G. Filho

Face à complexidade e gravidade da atual crise vivenciada nas instituições democráticas brasileiras, a mídia nacional tem reservado grandes espaços, procurando despertar a sociedade para o exercício da sua responsabilidade política, na solução dos grandes e cruciais problemas nacionais. A Operação Lavo Jato, tem mostrado aos brasileiros e ao mundo, lamentavelmente, o limite dos limites, no grau de corrupção a que chegamos, com a participação de senadores, deputados federais, ministro de Estados, empreiteiras, e até ex-presidentes da República.

O seu ápice foi pontuado quando uma empresa do porte, renome nacional e internacional, como a Petrobras, foi “privatizada” para alimentar, financeiramente, um partido político que queria, a todo custo, perpetuar-se no poder através de alianças políticas com outros partidos políticos. Noutras palavras, foi a corrupção institucionalizada, a partir deste projeto político. Não é de hoje, lamentamos que a política brasileira esteja eivada e associada à deformações viciosas, traições ao mandato popular recebido e suspeições de toda ordem. Corrupção, troca de cargos públicos por aprovação de projetos no Congresso Nacional, politicagem, clientelismo, nepotismo, impunidade, mensalão, petrolão, emendas no orçamento para beneficiar empreiteiras, obras superfaturadas, fisiologismo, são manchetes contínuas pontuadas, diariamente, na mídia.

Lamentável é a constatação de que grande parte da sociedade, ante esse quadro de mazelas, está perdendo o seu poder de indignação, termômetro maior da avaliação da nossa democracia. Numa leitura maior, alguns inescrupulosos políticos tenham transformado a Política em algo sujo, até mesmo desprezível para os cidadãos comuns. Urgente uma postura firme e imediata de toda a sociedade, no objetivo maior de aglutinação, alicerçada na convicção política de que somos todos responsáveis por esse “status quo”, como agentes modificadores e causadores pelas melhorias de bem-estar, ética, oportunidades de educação, saúde, segurança e trabalho para todos em nosso Brasil, quando, no momento mais de onze milhões de brasileiros estão sem emprego, ao sabor da sorte. Agir, diferentemente é tornar-se um analfabeto político, ou seja, não fala, não ouve, nem participa de ações que possam reverter essa realidade inadmissível. O analfabeto político pensa que Política é tão sómente o exercício do voto. Ser cidadão, na plenitude do conceito, é participar ativamente na solução dos grandes problemas nacionais. É acompanhar, a cada momento, a postura comportamental dos seus candidatos eleitos e cobrar-lhes as promessas de campanha.

João G. Filho
Acad. Limoeiro  De Letras / JORNAL O ESTADO DO CE

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