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Salto de grandeza pelo clima parece mais distante

Não são animadoras as perspectivas de resultado significativo na COP29, o encontro de cúpula sobre mudança climática que se realiza em Baku, no Azerbaijão. Dois baques recentes podem descarrilar a negociação diplomática para mitigar o aquecimento global e seus impactos sobre a saúde do planeta e da população.

A reeleição de Donald Trump nos EUA ameaça alijar das tratativas o maior emissor de gases do efeito estufa no planeta depois da China. O republicano prometeu desobrigar seu país do Acordo de Paris (2015), cujas metas de redução deveriam tornar-se agora mais ambiciosas.

Já a reunião do G20 no Rio de Janeiro não trouxe a aguardada sinalização de que haverá financiamento para a transição energética e a adaptação aos eventos extremos. O recrudescimento da disputa entre Rússia e EUA travada na Ucrânia e o empenho político da Presidência brasileira por uma aliança contra a fome e a pobreza, ademais, eclipsaram a questão do clima.

O tema ambiental até comparece no comunicado final, mas a declaração do G20, que poderia deslanchar a COP29, apoia maior ambição para uma nova meta global de financiamento climático sem especificar metas ou caminhos concretos para alcançá-la.

Em 2009, países ricos assumiram o compromisso de destinar US$ 100 bilhões anuais, até 2020, para nações em desenvolvimento. Tal objetivo nunca foi alcançado, e sua ampliação está no epicentro dos impasses em Baku.

O próprio G20 reconhece a "necessidade urgente de aumentar rápida e substancialmente o financiamento climático, passando de bilhões para trilhões". Como efetuar esse salto, contudo, permanece uma incógnita.

Para efeito de comparação, estudo encabeçado pelo economista britânico Nicholas Stern prevê que o investimento global para mitigação e adaptação exigiria a fabulosa cifra de US$ 6,3 trilhões a US$ 6,7 trilhões anuais até 2030.

A negociação em Baku não tropeça só no quantitativo. Um dos entraves se anuncia no emprego pelo G20 da expressão "recursos provenientes de todas as fontes". Países desenvolvidos pressionam para que outras nações também contribuam, inclusive com o reforço de investimentos privados.

Para coroar as dificuldades, nações petroleiras como a Arábia Saudita pressionam pela exclusão na COP29 de referências até à transição energética —em última análise, ao compromisso com o fim da queima de combustíveis fósseis. Será surpresa se em Baku houver progresso, não retrocesso, nesses pontos cruciais.

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