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Queda no desmatamento revela o desafio de cumprir meta de zerá-lo

Por Editorial / O GLOBO

 

 

É boa notícia a queda no desmatamento da Amazônia (30,6%) e do Cerrado (25,7%), registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na comparação do período entre agosto de 2023 e julho deste ano com os 12 meses anteriores. Na Amazônia, o movimento já vinha ocorrendo nos últimos anos. No Cerrado, onde as florestas têm sido pressionadas pela fronteira agrícola, os governos federal e estaduais vinham se mostrando incapazes de conter a devastação.

 

Que os números tenham começado a cair também no Cerrado é motivo para celebração. Mesmo assim, os patamares ainda são altos para um país que se comprometeu a zerar o desmatamento nesta década. E a queda não sugere que o problema esteja sob controle. “As taxas de destruição estão altas, e precisamos de uma política de desmatamento zero ainda neste ano, já que ainda temos pontos que concentram o aumento das taxas em relação ao bioma como um todo”, diz o biólogo Lucas Ferrante, da USP e da Universidade Federal do Amazonas.

 

Na Amazônia, foram devastados 6.288 km2 no período entre 2023 e 2024, menor patamar desde 2014. Os números vinham subindo desde 2015 e alcançaram o pico de 13 mil km2 em 2021. Só voltaram a cair em 2022. No Cerrado, o desmatamento resistia. Entre 2022 e 2023, foram 11 mil km2 de devastação, aumento de 3% sobre o período anterior. Entre 2023 e 2024, porém, a área desmatada caiu para 8.174 km2, interrompendo cinco anos de alta.

 

A destruição no bioma está concentrada na região conhecida como Matopiba (formada por Mato GrossoTocantins, Piauí e Bahia). Foi positivo o pacto firmado entre o governo federal e os quatro estados visando ao controle do desmatamento e dos incêndios nessa área, em parte responsável pelo bom resultado.

 

É verdade que, desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve medidas para recuperar os organismos ambientais e retomar a fiscalização. Mas, entre o discurso e a prática, ainda há um abismo. O combate ao garimpo ilegal em terras indígenas tem se revelado um fracasso. No Congresso, o governo não tem se empenhado suficientemente para barrar as pautas antiambientais. Nos últimos meses, com o agravamento da seca, ficou claro que faltam fiscalização e preparo para deter as queimadas.

 

Em tal contexto, é importante o Brasil poder apresentar números positivos sobre desmatamento, mesmo sabendo que no ano que vem eles não deverão ser tão bons em razão da temporada de incêndios florestais. O êxito no Cerrado mostra que os governos conhecem o caminho para deter os desmatadores. Precisam apenas saber aprofundar as políticas públicas que levaram a esses resultados. Ainda há muito a fazer para cumprir a promessa de desmatamento zero.

 

 

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