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Escola em tempo integral é caminho para melhorar educação no Brasil

Por Editorial / O GLOBO

 

As escolas de tempo integral têm impacto positivo no desempenho de alunos do ensino médio de redes estaduais, em especial para os mais pobres. Foi essa a conclusão de um estudo dos institutos Sonho Grande e Natura, com base nos últimos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que leva em conta avaliações de português e matemática e índices de aprovação no quinto e no nono ano do ensino fundamental e no terceiro ano do médio.

 

Estudantes do ensino médio integral — modelo com mais de 420 minutos de aulas diárias, sem contar atividades complementares — obtiveram desempenho melhor que os de escolas regulares. Em matemática, a diferença foi de 6 pontos. É como se os alunos das escolas integrais tivessem cursado um ano a mais de aprendizado. “Se considerarmos que o ensino médio é composto por três anos de estudo, um ano a mais de aprendizagem é relevante”, diz Ana Paula Pereira, diretora executiva do Instituto Sonho Grande. Em língua portuguesa, a diferença foi de 4 pontos, o equivalente a mais de meio ano de aprendizado.

 

Outra constatação relevante: entre as cem escolas que atendem o público de menor nível socioeconômico e obtiveram melhores resultados no Ideb, 78 ofereciam ensino integral. Isso significa que as escolas integrais podem ser um meio eficaz de estender a qualidade do ensino aos mais pobres.

 

A expansão, porém, exige cuidados. Não se trata de apenas estender a carga horária. “É preciso renovação do modelo pedagógico, é preciso um modelo centrado na vida do estudante, para que o aluno seja protagonista, se envolva nas decisões do ensino e possa entender suas fortalezas e como a escola se conecta aos caminhos que pode seguir. Não são coisas simples de executar, e é preciso também fazer com que os professores enxerguem a escola de forma diferente”, diz Ana Paula, do Sonho Grande.

 

Em 2023, apenas 33% das escolas escolas estaduais ofereciam ensino médio em tempo integral, e elas atendiam apenas 18% dos alunos matriculados (quatro anos antes, eram 10%). Num país tão populoso e diverso, a heterogeneidade é enorme. No Piauí, 85% das escolas estaduais já oferecem ensino médio integral. Em Ceará e Pernambuco, 70%. Em Santa Catarina, menos de 1%. No Rio Grande do Sul, 10%, mesma parcela que o Acre.

 

Para acelerar a mudança da realidade, é preciso identificar as experiências bem-sucedidas ao expandir o ensino integral, analisá-las e reproduzi-las, dando prioridade às escolas frequentadas pelos mais pobres. Assim será possível melhorar a qualidade da educação brasileira.

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