Se popularidade de Lula cair, 'esse Congresso engole a gente' diz Gleisi Hoffmann em evento do PT
Por Renan Monteiro e Eduardo Gonçalves / O GLOBO
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann (PR), fez um alerta para seus correligionários sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste sábado, ela alegou que o Congresso poderia “engolir” caso a aprovação de Lula caia, e fez referência à gestão de Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016.
Ministros e integrantes do partido participaram da Conferência Eleitoral de 2024 do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília. No evento, Gleisi chamou atenção para o desempenho da economia brasileira, avaliado por ela como “bom”, até o momento.
— Precisamos ter recursos, precisamos ter a parte do crescimento econômico como uma meta e um mantra nosso. Gente, se cair a popularidade do presidente Lula, vocês não tem dúvida sobre o que o Congresso Nacional pode fazer. Fizeram com Dilma. Se acontecer qualquer problema, esse Congresso engole a gente — afirmou, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na quinta-feira, uma pesquisa do Ipec mostrou que o governo é avaliado como “ótimo ou bom” por 38%. As classificações como “regular” e “ruim ou péssimo” empataram em 30%. O levantamento foi feito entre os dias 1º e 5 de dezembro.
Nesta sexta-feira, o partido aprovou o texto-base de uma resolução com críticas ao Centrão, grupo de partidos que fez aliança com o governo e tem ajudado especialmente nas pautas econômicas.
Conquistar 30% os eleitores
O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, afirmou no evento que o governo Lula vai focar em conquistar os 30% da população que considera o terceiro mandato do presidente como “regular”. Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana apontou que 38% dos brasileiros aprovam a gestão do petista, enquanto 30% avaliam o governo como regular e outros 30%, como ruim ou péssimo.
— Nosso objetivo desse fim de ano é fazer que aquele público do regular abra a porta para ouvir o que a gente tem a falar — disse Pimenta.
Para cumprir essa meta, Pimenta anunciou à militância uma ferramenta recém lançada pela Secom que divulga dados de beneficiários de programas do governo federal, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e crédito rural, em cada cidade do país.
Propaganda na TV
O ministro também revelou inserções que serão veiculadas na internet, rádios e TVs nas próximas semanas para publicizar ações do governo Lula.
Em uma delas, a personagem chega a dar “glória a Deus” após saber no supermercado sobre a parcela que iria cair do Bolsa Família. A mencão religiosa visa a alcançar o público evangélico, que mantém uma forte rejeição ao governo Lula, segundo as pesquisas eleitorais
Em outra peça, uma família que brigou por causa de questões políticas envolvendo a vacina voltam a se reunir e fazer as pazes no Natal.
— No total, 24% das pessoas não participaram da eleição (se ausentaram ou votaram nulo). Agora no fim do ano chegou a hora da união, virar a página do ódio, da intolerância (...) E colher o grande resultado eleitoral para o nosso partido, elegendo uma grande quantidade de vereadores e prefeitos — disse Pimenta.
Haddad também estava presente no evento partidário e reconheceu que a agenda econômica tem avançado com dificuldades no Congresso. No momento, o governo tenta aprovar um pacote de medidas para elevar a arrecadação e o ajuste fiscal.
Por outro lado, a equipe econômica está com uma projeção oficial de 3% para alta do PIB e desaceleração para o ano seguinte. O resultado do terceiro trimestre do ano, de 0,1%, foi avaliado como “fraco” por Haddad na última terça-feira.