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ONS pede a todas as usinas do país que suspendam paradas de manutenção no segundo semestre

Manoel Ventura / O GLOBO

 

LAGO DA REPRESA DE MARIBONDO

 

BRASÍLIA - Em mais uma medida para garantir o fornecimento de energia elétrica neste ano e diminuir o risco de apagões e de racionamento, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) pediu que as usinas geradoras de eletricidade adiem as manutenções programadas para o segundo semestre.

 O órgão responsável pela gestão operacional do sistema elétrico brasileiro disparou mensagens para diversas empresas solicitando que as atividades de manutenção previstas para os próximos meses sejam adiadas o máximo possível.

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O apelo do ONS é dirigido principalmente para as usinas termelétricas, que têm garantido a segurança energética do país nos últimos meses, em meio a uma das piores secas nas regiões das hidrelétricas dos últimos 90 anos.

Mas vale também para usinas hidrelétricas, eólicas e solares. O objetivo é garantir que o parque gerador de energia seja capaz de cobrir todo o consumo, principalmente nos meses de outubro e novembro.

Procurado, o ONS respondeu ao GLOBO que o pedido foi enviado a todas as usinas cujo funcionamento é comandado pelo órgão. E afirmou que o objetivo é garantir a “segurança e também a excelência na operação do sistema”.

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Nível menor que em 2001

A preocupação não é a toa. O nível de água nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste — os mais importantes para o sistema elétrico — é de 27,79%, de acordo com dados do ONS. O valor é o mais baixo para essa época do ano, segundo os registros do órgão.

O nível de água é inferior, inclusive, aos de 2001, quando o país passou por um racionamento de energia. Naquele ano, em meados de julho, essas barragens operavam com 27,89% da capacidade.

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Em uma das cartas dirigidas a uma geradora de energia, a qual o GLOBO teve acesso, o ONS afirma que é necessário “a maximização das disponibilidades das usinas, especialmente nos meses de outubro e novembro, o que constituirá um recurso fundamental para o atendimento eletroenergético do SIN (Sistema Interligado Nacional)”.

No documento, o órgão faz o pedido “tendo em vista a severidade das condições energéticas que se configuraram ao término do período chuvoso, com baixos níveis de armazenamento nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional”.

Por isso, o ONS solicitou que a manutenção seja adiada para o início de 2022, “possibilitando desta maneira a utilização plena dos recursos” das usinas. O Operador Nacional também cita a política adotada pelo órgão de minimizar o uso dos recursos das hidrelétricas da região Sudeste nos meses de julho, agosto e setembro para justificar o pedido.

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Risco de parada repentida

O governo tem acionado usinas termelétricas em níveis recordes para poupar água nas barragens.

Diferentemente de 2001, ano do racionamento, o país tem hoje parque termelétrico muito maior, além de mais linhas de transmissão de energia que interligam o sistema.

O adiamento das paradas programadas, como quer o ONS, evita que seja necessário recorrer a hidrelétricas mais afetadas pela crise para garantir o fornecimento de energia. Também reduz as chances de apagão por falta de capacidade de geração de energia nos horários de pico, concentrados no meio da tarde dos dias úteis.

As manutenções podem levar semanas e dependem da idade e da tecnologia usada na termelétrica — se ela é movida a óleo, carvão ou gás natural. A maior parte dos procedimentos é feita de maneira preventiva e periódica, com exceção de intervenções de emergência.

O problema é que parte das usinas ligadas hoje não é preparada para operar “na base”, ou seja, o tempo inteiro. A falta de manutenção, na avaliação de agentes do setor, pode levar as unidades a pararem de funcionar repentinamente. Também por isso, o governo segue em busca de termelétricas para reforçar a geração de energia.

Entrada de 4 térmicas

Os técnicos do governo negociam com quatro usinas que podem entrar em operação este mês. Juntas, as unidades têm capacidade de gerar 1.700 megawatts (MW) de energia elétrica, de acordo com os relatos das reuniões aos quais o GLOBO teve acesso.

A capacidade que está sendo negociada pelo governo equivale a cerca de 10% do que o país vem gerando de energia por termelétricas nas últimas semanas.

Nas reuniões feitas nos últimos dias junto com o ONS, por outro lado, os donos das usinas têm alertado para a dificuldade no fornecimento de gás natural.

Nem todas as usinas de energia estão conectadas ao sistema nacional de energia. Com a crise hídrica, o Ministério de Minas e Energia passou a fazer uma varredura para encontrar unidades que possam ser conectadas ao sistema e ser acionadas pelo ONS.

As quatro usinas com as quais o governo está negociando não têm contratos e seriam contratadas até o fim deste ano. Os técnicos negociam com as usinas de William Arjona, em Campo Grande (que entrou em operação semana passada); Araucária e Cuiabá, ambas na capital mato-grossense; e Uruguaiana, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina.

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