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Covid-19: Após atritos com governadores, Bolsonaro se afasta, e Pacheco assume interlocução

Paulo Cappelli O GLOBO

 

BRASÍLIA — Após recorrentes atritos com governadores de diferentes estados, o presidente Jair Bolsonaro decidiu, oficialmente, delegar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para dialogar com os gestores. Pacheco representará o comitê federal, cuja criação foi anunciada hoje, na interlocução com os estados. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também integra o núcleo do grupo. A ideia de criar o comitê foi levada a Bolsonaro por Lira e Pacheco.

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Com a medida, a expectativa de governadores é que o diálogo seja facilitado e que os ruídos com o Planalto diminuam, mas o fato de estados não terem assento no comitê também foi criticado. Governador do Rio, Cláudio Castro (PSC) tem boa relação com o presidente e afirma que, "quando Bolsonaro abre mão de coordenar, demonstra vontade de que o comitê funcione". Com fala moderada, Pacheco venceu a eleição do Senado com o apoio do Planalto e também da oposição e é visto como um nome ponderado para levar pleitos dos estados ao governo federal.

— Achamos ótimo dialogar com Pacheco. Se o presidente da República delegar e não atrapalhar, pode ser um caminho para que haja resultados que o Brasil precisa com urgência — disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Já o governador do Piauí, Wellingon Dias (PT), criticou o fato de prefeituras e estados não terem assento cativo no comitê.

— Fiquei animado com a possibilidade de criação do comitê, mas, pelo relato de pessoas que estavam na reunião, a perspectiva é de pouca mudança. O comitê ficou sem estados e municípios, então mantém desintegração, terceirizando para o senador Rodrigo Pacheco a relação com governadores para tratar da rede de saúde, da falta de insumos, da estratégia de prevenção e vacinação... Ou seja, não vai dar certo — opinou.

Crítica coletiva

No começo do mês, dezessete governadores assinaram uma carta acusando Bolsonaro de distorcer informação sobre repasses aos estados. Os valores anunciados pelo presidente no vídeo criticado pelos gestores estaduais eram, em sua maioria, repasses obrigatórios previstos na Constituição e não uma decisão política do Planalto. No documento, o grupo cobrou ainda políticas públicas para evitar aglomerações.

"Em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população", afirmaram os governadores na carta.

Com Pacheco como interlocutor, governadores avaliam que a comunicação será "mais fluida" e com menos ruídos.

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