O PT secou
Diferentes sondagens de opinião vêm atestando o desgosto generalizado dos brasileiros em relação aos políticos e aos partidos, como reflexo não apenas da corrupção e da incompetência do governo e de seus apoiadores no Congresso, mas da incapacidade da oposição de apresentar-se como alternativa a tudo isso que está aí. Em meio a tal desencanto, contudo, destaca-se a decadência irresistível do Partido dos Trabalhadores (PT), que hoje assiste, aparvalhado, a uma debandada de seus quadros e, principalmente, à construção de uma unanimidade em torno de seu nome: o PT se tornou o partido mais detestado do País.
Uma pesquisa do Ibope antecipada por José Roberto de Toledo, colunista do Estado, mostra que 70% dos brasileiros têm opinião desfavorável sobre o PT. Já o PSDB, partido com o qual o PT costuma rivalizar, é malvisto por 50% dos entrevistados.
Além disso, apenas 12% disseram que são simpáticos ao partido – o porcentual mais baixo desde 1989. A decadência do PT fica ainda mais evidente quando se oferece ao entrevistado uma lista com os nomes de todos os partidos e se pergunta de qual deles o eleitor “menos gosta”: o PT aparece bem à frente, com 38% das menções; seguido do PSDB, com 8%; e do PMDB, com 6%.
É claro que o PT está muito longe de se transformar em um nanico. Trata-se, ainda hoje, de uma muito bem estruturada e agressiva máquina eleitoral, como comprova seu crescimento desde que chegou à Presidência, em 2002. Até recentemente, apenas o PMDB ostentava capilaridade nacional tão robusta como a do PT, que invadiu nos últimos anos até mesmo os grotões onde os peemedebistas reinavam absolutos.
Ao mesmo tempo que se expandiu, no caminho de se tornar o maior partido do País, o PT procurou manter seu discurso fundador, segundo o qual sua missão era mudar o modo de fazer política e de governar, empreendendo a tal “justiça social” assim que chegasse ao Planalto.
Em nome dessa missão redentora, a companheirada, sob a liderança do guia genial Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu mundos e fundos aos eleitores. O carisma de Lula, que só diz o que a plateia quer ouvir, foi suficiente para convencer uma grande parte do País de que era possível realizar o sonho do Brasil potência sem fazer força – bastava que o Estado abrisse as burras e pronto, o milagre da multiplicação dos empregos e do crediário para os pobres se realizaria.
A estratégia do partido funcionou tão bem que Lula sobreviveu ao mensalão, reelegeu-se, fez de uma completa desconhecida sua sucessora e saiu do governo com popularidade na casa dos 80%. Mas o conto de fadas petista começaria a se transformar em história de horror quando estiolou a bonança que permitia a irresponsabilidade fiscal de Lula e da presidente Dilma Rousseff.
Dilma ainda se reelegeu, à base de mentiras e pedaladas, mas já no primeiro minuto de seu triunfo ficou claro que as promessas nas quais milhões de brasileiros acreditaram não valiam o papel em que foram escritas. Além disso, escancarou-se o pérfido esquema de aparelhamento e de assalto ao Estado liderado pelo PT e seus coligados, resultando não apenas no maior esquema de corrupção da história, mas também na completa paralisia do governo, vítima de interesses inconfessáveis.
Como consequência, a popularidade do PT desintegrou-se em velocidade espantosa. Em 2014, segundo o Ibope, apenas 11% dos eleitores disseram ter uma opinião “muito desfavorável” ao PT; neste ano, esse índice saltou para 30%. Enquanto isso, a opinião “muito favorável” caiu de 7% para 3%, e a “favorável”, de 34% para 20%. Já o PSDB teve variação muito menor – os que disseram ter opinião “muito desfavorável” aos tucanos passaram de 10% para 14%, e os que tinham opinião “desfavorável” passaram de 35% para 36%.
Conclui-se que, hoje, o PT encarna o que há de pior na política. Diante da corrupção, do desgoverno e da frustração das expectativas que o partido arrogantemente criou, não se pode dizer que foi por acaso. O ESTADO DE SÃO PAULO